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Arquitetos: ARKITITO Arquitetura
- Área: 340 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Evelyn Muller
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Fabricantes: Breton, Caciel Marcenaria, Carlos Camargo Decorações, Carvalho e Carvalho Serralheria, Couros La Novita, Deca, Domenge Engenharia, Ferragens Floresta, Gerdau, JRJ Tecidos, Lumini, Pedras interlagos, Portobello Shop, REKA, Sherwin-Williams
Descrição enviada pela equipe de projeto. Em uma esquina próxima à movimentada Avenida Brigadeiro Faria Lima, um dos principais eixos comerciais e financeiros da cidade de São Paulo, encontrase a casa Perpétua, em um terreno em frente a uma agradável praça, repleta de árvores e com uma igreja. Foi nesse contexto que os clientes adquiriram a casa de dois pavimentos, remanescente dos anos 1950, que carecia de renovação para atender às demandas da família.
Como muitas casas da época, esta residência apresentava espaços fragmentados, pouca incidência de luz natural nos ambientes e áreas externas de jardim limitadas. Portanto, uma das premissas fundamentais do projeto foi trazer mais elementos de jardim para o interior, combinando-os com iluminação e ventilação natural, além de criar ambientes mais integrados e dinâmicos. Para alcançar esse objetivo, os espaços da casa foram integrados e expandidos, conectados por uma ampla circulação de entrada, onde a única estrutura mantida em seu local original foi a antiga escada de granilite verde, preservada e restaurada.
Ao chegar à casa, destaca-se o acesso de pedestres pela esquina, marcado por um pórtico metálico com um portão pivotante, com pintura de mesma tonalidade do muro, que se abre para um agradável jardim com um pátio em frente à porta de entrada principal. Os pisos externos, em pedra Goiás com paginação de desenho irregular (formato de cacão), faz alusão à atmosfera da praça localizada defronte à residência, trazendo, ainda que poeticamente, o elemento do espaço público para o terreno, e responsável por conectar tanto a entrada da casa quanto as áreas de lazer dos fundos.
Considerando a importância de receber amigos e familiares, o antigo pátio de serviços e a edícula nos fundos, que anteriormente abrigavam a lavanderia e a garagem, foram transformados em um espaço para a recepção de convidados, conectando a cozinha (agora aberta para o pátio), a churrasqueira e um espaço coberto multiuso. Este último pode servir como área para refeições externas em dias quentes ou chuvosos, ou como ambiente onde os moradores poderão assistir televisão durante eventos esportivos. A cozinha desempenha um papel central, servindo como ponto de conexão entre os ambientes internos e externos. Ela pode ser fechada em ocasiões especiais para manter o foco no evento externo, ou isolada dos demais ambientes quando necessário.
O jardim é um elemento essencial no projeto, permeando a casa em diferentes momentos. Além das amplas aberturas adicionadas no sentido longitudinal, que melhoram o conforto térmico, foram selecionadas aberturas laterais que emolduram o paisagismo e trazem visualmente para os interiores. Um destaque é a bay window, de altura total de piso a teto, que se projeta para fora e se abre totalmente para o jardim, abrigando um confortável sofá de leitura.
No projeto de interiores, a seleção de mobiliário conjuga peças pré-existente do casal de proprietários, por sua vez restauradas, junto às novas definidas em conjunto com a equipe responsável pelo projeto. Os acabamentos predominantemente em madeira e tecidos em tons neutros criam um harmonioso contraste à algumas das peças onde a cor aparece em destaque, como o buffet da sala de jantar e os armários da cozinha, em tonalidades de verde, em referência à cor da escada original.
O acesso à ala intima é realizado através da escada pré-existente restaurada, e uma nova claraboia posicionada acima da circulação vertical irradia luz natural ao interior. No que diz respeito aos quartos, a suíte do casal, que originalmente ocupava a porção frontal, foi reposicionada para os fundos, oferecendo maior privacidade e vista para o jardim e o pátio interno. Essa suíte também conta com uma ampla varanda de acesso ao terraço, criado após a remoção do antigo telhado danificado e que abriga toda a área técnica, proporcionando vistas para a bela praça em frente à residência e para o contraste entre o arborizado bairro e os edifícios da Avenida Faria Lima no horizonte.
As duas suítes de hóspedes foram posicionadas na zona frontal e as novas aberturas foram posicionadas lado a lado, a partir de novos caixilhos de vidro desenhados especialmente ao projeto, com uma folha de vidro leitoso fixa, que atua como guarda-corpo, e duas folhas de vidro incolor com abertura deslizante, de onde é possível avistar a copa das árvores. Na fachada, um quadro metálico emoldura a dupla de caixilhos, e brises ripados com sistema de abertura tipo "camarão" podem ser fechados para maior privacidade, trazendo unidade visual a partir do exterior.
Em uma casa de esquina, manter a privacidade sem comprometer a entrada de luz natural é um desafio. Para lidar com isso, o projeto faz uso de grandes aberturas voltadas para a rua lateral, menos movimentada, com vidro leitoso, além de claraboias para iluminar os banheiros e o hall dos quartos, que abriga um piano e uma pequena sala de leitura. As aberturas laterais também destacam as árvores existentes na calçada. Na fachada, a parede em tons terrosos dos tijolos que recobrem a superfície inferior da entrada emprestam a tonalidade à pintura que recobre as demais fachadas e estrutura metálica, no harmonioso conjunto aos jardins que abraçam a morada.