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Arquitetos: ARKITITO Arquitetura
- Área: 90 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Isabela Mayer
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Fabricantes: Construtora Domenge, Cremme, Deca, Divinal Vidros, Made Marchi Marcenaria, Pastilhas Keramika, Prototype, Sherwin-Williams, VanMar Esquadrias, Vedra Mármores, reka iluminacao
Descrição enviada pela equipe de projeto. No coração do tradicional bairro de Higienópolis, em São Paulo, o ARKITITO foi selecionado para realizar o projeto de reforma em um encantador apartamento situado no edifício que empresta seu nome à residência. Com traço do arquiteto autodidata e construtor, João Artacho Jurado – personalidade reconhecida por suas contribuições para a arquitetura moderna brasileira, especialmente no desenvolvimento de habitações multifamiliares verticais durante as décadas de 1950 e 1960 –, este emblemático edifício se destaca na paisagem urbana pelo uso inovador de materiais e elementos gráficos que criam um caráter lúdico às suas fachadas e interiores.
A cliente, uma jovem artista plástica, era proprietária do imóvel há alguns anos e apreciava os acabamentos originais, tanto da unidade residencial quanto do edifício. No entanto, no conjunto de necessidades, buscava espaços organizados para receber confortavelmente os amigos e familiares, além do desejo por um ateliê na residência.
O desafio foi realizar uma reforma que trouxesse modernidade para atender ao programa de necessidades da proprietária, ao mesmo tempo em que se respeitavam as características de valor histórico do imóvel. A planta, originalmente fragmentada e com certa escassez lumínica, teve a antiga lavanderia e dormitório de serviço integrados à cozinha, e que por sua vez foi conectada à sala, se beneficiando da delicada luz natural que entrava pela janela do corredor de serviço.
O segundo dormitório foi transformado em um ateliê e sala de piano, separado da sala apenas por uma porta metálica com vidro canelado, conferindo flexibilidade para ser utilizado como um segundo dormitório, caso necessário. A ampla sala de banho central teve a banheira removida, e posteriormente dividida em um banheiro completo menor e um lavabo de apoio para visitas. A área de serviço foi redesenhada para ocupar um espaço prático e discreto, oculto por uma porta de estrutura metálica com vidro canelado, seguindo a solução para a divisória do ateliê e mantendo a unidade visual no conjunto.
No trabalho de resgate dos elementos pré-existentes, as pastilhas do piso foram mantidas na antiga cozinha, como um tapete permanente próximo à mesa de jantar, enquanto a área adjacente foi complementada por pastilhas brancas na mesma tonalidade.
Em referência à tonalidade das cerâmicas que recobrem os pilotis da fachada principal, a marcenaria da cozinha foi especialmente concebida com acabamento rosa e a tonalidade desdobra-se ao forro, por sua vez equilibrada pela neutralidade do piso e dos armários em tom esverdeado. As cores e os elementos complementares, como as portas de vidro canelado, fazem releitura às típicas cozinhas da década de 1960, reinterpretadas em um desenho contemporâneo.
Ao centro do ambiente, a bancada atua como espaço de trabalho e mesa de refeições, organizados a partir da variação em altura e tendo o fogão mais próximo à janela, que se beneficia da iluminação e ventilação natural. Na composição, conjunto de cadeiras La central, com autoria do designer brasileiro, Guilherme Wentz.
Na sala de estar, o piso original de taco de madeira em formato especial foi cuidadosamente recuperado a partir de um desafiador trabalho de pesquisa para execução e adaptação de peças quando necessário. Na ambientação, destaque para o sofá Stripes, com acabamento em tricot e tecido, pela marca Prototype. Vale destacar que as portas e janelas originais de todo o apartamento foram restauradas.
No dormitório, para adicionar um toque contemporâneo ao que tradicionalmente seria um lambri, o painel ripado de madeira com acabamento em pintura azul pastel proporciona textura à cabeceira e gaveteiro de apoio. A cor faz referência àquela aplicada no guarda-corpo da varanda do edifício. Nos banheiros, pastilhas brancas recobrem o piso e uma faixa das paredes, complementadas por pintura tom de rosa na faixa superior e no teto. As louças azuis e os metais pré-existentes foram mantidos.