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Arquitetos: Tisem
- Área: 200 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Ivo Tavares Studio
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Fabricantes: Rothoblaas, APMANOS, CS Coelho da Silva, Caixiave, DUARTE & VIEIRA, Decormar, Dierre, Forbo, Geberit, MICROCRETE, SILVAS S.A., Wedi
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto nasce da reabilitação da mansarda de um edifício oitocentista, com valor patrimonial, localizado no topo da Praça 8 de Maio, no coração da Figueira da Foz. De frente para o rio Mondego, o edifício – constituído por três pisos e sótão, de planta retangular, alçados simétricos e regulares e telhado de três águas – assume uma posição privilegiada na zona velha da cidade. A estrutura da cobertura e o telhado, ao apresentarem várias patologias, passam a representar uma oportunidade para repensar a planta deste último piso de modo profundo e integrado.
Começa assim a ganhar vida o projeto Mansardas da Praça 8 de Maio, uma proposta com elementos modernos, que respeita a nobreza e história do edifício mas, simultaneamente, o rejuvenesce, ao transportar a frescura e leveza do rio e da praia, de fora para dentro.
As principais preocupações passam por preservar e valorizar o espaço, melhorando a sua segurança, desempenho e conforto; otimizar a área habitável neste último piso, de modo a rentabilizar o investimento na sua conservação; e estabelecer um diálogo harmonioso entre o novo e o existente.
A partir destas premissas definem-se os pressupostos base do projeto; Privilegiar as vistas sobre a praça e o rio; Reconstruir o telhado à imagem do existente – com três águas em telha marselha e caleira oculta; Conceber a nova estrutura sem comprometer a existente e de modo a contribuir para a sua estabilização, aumentando o tempo de vida do edifício; Usar a nova estrutura – a sua geometria, ritmo, métrica e matéria – como tema de projeto para caracterizar a arquitetura interior e ampliar a altura útil dos espaços; Introduzir luz e ar novo nas habitações, sem comprometer a harmonia global do edifício, pela abertura de trapeiras com cobertura em zinco, na alinhamento e frequência das janelas dos pisos inferiores; Reforçar a estrutura de madeira do pavimento do último piso, onde necessário, e reconstruir o soalho de madeira à imagem do existente.
Posto isto, o projeto reformula os acessos ao piso em mansarda – escadas e elevador – e divide-o em dois apartamentos: um T1, composto por sala/cozinha em openspace, quarto, casa de banho completa e espaço técnico/arrumo; e um T2, que replica o mesmo esquema, com um quarto adicional e um pouco mais de área no openspace sala/cozinha, permitindo a introdução de uma ilha.
Em ambos os apartamentos, as salas ocupam a fachada sul, com vistas para a praça e para o rio. Os restantes compartimentos orientam-se a poente, no caso do T1, e a nascente, no caso do T2, assegurando que todos os compartimentos habitáveis têm janela.
O interior é caracterizado pelo ritmo e harmonia da grelha estrutural da cobertura, pela luminosidade das janelas refletida na brancura dos acabamentos interiores e pelo calor e textura da madeira natural, presente em todos os espaços, no chão e no teto. A arquitetura proposta é simples e despretensiosa, assente no princípio que cada intervenção deve refletir a visão, arte e técnica do seu tempo – o novo não adultera nem replica o existente, assume as diferenças e assegura continuidades, continuando a escrever a história do edifício.