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Arquitetos: Carvalho Terra Arquitetos
- Área: 2000 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Manuel Sá
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Centro Santa Marta foi criado em 1962 pela iniciativa de mães de alunos do Colégio Santa Maria junto ao Instituto das Irmãs da Santa Cruz. A instituição promove o acolhimento, a convivência e a aprendizagem de famílias em situação de vulnerabilidade, contribuindo para a formação, acesso e permanência no mercado de trabalho. As atividades são realizadas por voluntárias e Irmãs, com o apoio de funcionários.
Nesses mais de 60 anos de atuação, sua sede esteve localizada em um antigo estábulo existente no fundo do terreno da escola. Em 2012, foram realizados os primeiros estudos para ampliação. A partir de 2014, foram realizadas reformas emergenciais, a fim de evitar a descontinuidade das atividades. Em 2020, foi organizada uma equipe multidisciplinar para elaborar o Programa de Necessidades. As obras iniciaram em 2022, com inauguração em 2024. Os serviços não foram interrompidos durante a construção.
Sua sede está localizada em um terreno de grandes proporções na zona sul da cidade de São Paulo, no alto de um vale com área de mata com preservação permanente, nascentes e córrego. Pela impossibilidade do aproveitamento das edificações existentes, foram construídos edifícios novos. Porém, o passado não foi esquecido: foram selecionados 900 tijolos de barro para construção de uma parede de memórias e em frente, foi proposta uma vitrine para exposição dos trabalhos elaborados pelos alunos. Assim, passado e presente configuram a porta de entrada do novo conjunto.
A proposta se fundamentou na criação de espaços integrados a natureza, respeitando o perfil natural do terreno, a fim de evitar grandes movimentações de terra e possíveis remoções das árvores existentes, no aproveitamento da iluminação e ventilação naturais e na captação e reuso de água da chuva. Para isso, o programa foi dividido em blocos assentados nas clareiras e locais onde já havia pequenas edificações. A horizontalidade e a organização em blocos respeitam a escala histórica das edificações e garante acessibilidade ao conjunto. Os fluxos buscam potencializar o encontro, a fim de valorizar as vistas para o vale e promover a interação entre as pessoas, o meio ambiente e a aprendizagem.
Uma praça central foi proposta para abrigar atividades coletivas e funciona como o espaço de integração entre os diferentes usos propostos pela instituição. A praça está organizada a partir da localização de árvores centenárias, onde foi proposto um anfiteatro composto por arquibancadas para contemplar a natureza. Quatro blocos partem desta configuração: o Bloco 1 abriga as salas para capacitação de mulheres, o Bloco 2 abriga usos administrativos, o Bloco 3 atende crianças e adolescentes e o Bloco 4 abriga o atendimento aos adultos e apoio como refeitório, depósitos e área para os funcionários. Uma rede de praças e caminhos propiciam o encontro, além daqueles propostos pelo Programa de Necessidades. A Praça de Acolhimento é composta por bancos e jardineiras. A Praça de Integração se apropria da sombra de uma grande árvore para ser um espaço de convívio. O bloco das crianças e adolescentes está circundado por espaços de brincar lúdicos e quadra poliesportiva.