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Arquitetos: GoGo1122
- Área: 114 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Akira Nakamura, Satoshi Asakawa
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Fabricantes: ARIAKE, BEAL, HAY, LIXIL , NEW LIGHT POTTERY, Porters Paint, Tajima, YABASHI MARBLE, Yamada shomei, cera
Descrição enviada pela equipe de projeto. Em uma comunidade onde a natureza resiste e a história se desenrola com elegância, havia uma casa, fruto de 75 anos de construção. Este era o projeto pessoal de um arquiteto que revitalizou uma antiga residência, preservando sua essência. O bairro, com poucas casas, permaneceu quase inalterado desde seu planejamento urbano há um século. Três gerações cresceram ali, unidas por laços formados em escolas compartilhadas, do jardim de infância ao ensino fundamental. O encanto dessa terra transparece no cuidado diário dos moradores. No entanto, com as novas gerações migrando para centros urbanos e as rígidas restrições legais do distrito impedindo a renovação arquitetônica, o bairro enfrenta um intrigante "esvaziamento urbano."
Poderíamos nos integrar a essa comunidade, transmitindo o afeto cultivado por esta terra às futuras gerações? Em vez de "substituir" moradores e apagar a história do edifício, buscamos uma reforma que preserve a memória dos que vieram antes, em respeito aos que virão. Nossa presença nessa narrativa atemporal é breve, mas significativa. Esta é uma arquitetura voltada para um futuro onde as diferentes "passagens do tempo" — o edifício, seu entorno e a comunidade — coexistem em harmoniosa continuidade.
Para a pequena comunidade onde o edifício se encontra, o parque ao leste e o caminho sinuoso a oeste sempre foram companheiros queridos, abraçados com profundo carinho. No entanto, a construção original, com aberturas voltadas apenas para o jardim frontal, criou barreiras rígidas contra esses espaços amados, com paredes fechadas e cercas vivas altas. Nesta renovação, abrimos uma ampla abertura na fachada leste, com um terraço em barro que se estende naturalmente a partir da área de estar. O labirinto de divisórias foi dissolvido, revelando um espaço unificado. Também reaproveitamos os elementos originais — paredes de barro e solo da fundação — e os recriamos em uma nova parede de terra, que agora se torna o ponto central do ambiente, promovendo uma verdadeira sinfonia de renascimento material.
Essas transformações agora entrelaçam o parque, o interior, o jardim frontal e o caminho local em plena harmonia. A nova planta permite que se sinta a passagem suave do tempo ao redor, como as folhas que mudam com as estações ou as sombras que se alongam ao longo do dia.
Em uma poética dança entre o antigo e o novo, foram criados dois Marcos de Projeto para preservar a memória espacial da antiga morada, mesmo após a renovação. O primeiro, um alinhamento harmonioso das aberturas a H1950mm, reflete a altura dos antigos lintéis. O segundo estabelece uma linha divisória entre passado e presente, limitando os acabamentos renovados a H2300mm — a altura do teto original — e deixando a estrutura antiga exposta acima, como um testemunho do tempo. Esses dois Marcos entrelaçam as sensações físicas da casa antiga com a narrativa contínua da estrutura existente, permitindo que coexistam nos novos espaços criados. Além das paredes, uma suave borda de terraços foi concebida, preservando os laços delicados da comunidade que se formaram ao longo dos anos de convivência.
Aqui, é possível tocar diretamente os materiais reciclados do antigo e os ossos desgastados da estrutura existente, enquanto novos espaços acumulam memórias frescas. É uma sinfonia sensorial em que passado e presente se entrelaçam, estimulando os cinco sentidos em um concerto harmonioso.