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Arquitetos: Plural Works
- Área: 3736 ft²
- Ano: 2022
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Fotografias:Maruf Raihan
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Fabricantes: Berger, DBL Cermaics, Mirpur Ceramics
Descrição enviada pela equipe de projeto. No subúrbio remoto de Madarganj, onde os edifícios geralmente são construídos sem consultoria especializada, o projeto começou de maneira similar. O cliente, um dos oito irmãos, contratou um pedreiro local para ampliar sua parte da casa ancestral. No entanto, ao erigir a estrutura, ficou evidente que o edifício carecia de luz e ventilação adequadas, o que levou a uma reavaliação do projeto. Foi nesse momento que os designers foram chamados, refletindo uma situação comum para arquitetos, onde a arquitetura se torna mais uma intervenção do que uma criação inovadora, especialmente em contextos suburbanos.
A estrutura antiga era muito vulnerável a grandes intervenções, enquanto a parte mais recente, já construída, adotava de forma superficial modelos estrangeiros, sem considerar o contexto local. As aberturas eram pequenas demais para garantir uma boa iluminação e ventilação nos ambientes internos, e não havia dispositivos de sombreamento ou pavilhões, comprometendo a relação entre os espaços internos e externos. Isso era um contraste em relação a um contexto natural, abundantemente iluminado pelo sol, ventos e monções, que exigia um planejamento mais atento às condições climáticas.
As intervenções iniciaram com uma membrana espessa sobre a estrutura já existente, incorporando pavilhões e áreas com diferentes tipos de vegetação. Isso criou um espaço interno mais confortável, bem ventilado e visualmente integrado, com uma adaptação mínima da estrutura original.
Para concluir a reforma e adaptação do edifício dentro do prazo, várias decisões estratégicas foram tomadas. Os plintos foram estendidos para conectar o edifício ao solo, criando um espaço acolhedor para encontros no bairro, mesmo quando a casa estivesse fechada. As lajes reformadas foram ampliadas para o oeste e sul, nos dois andares superiores, criando amplas varandas sombreadas, que gradualmente seriam cobertas por vegetação. A sala de estar, a sala de jantar e o espaço familiar, com pé-direito duplo, receberam grandes aberturas voltadas para o sul, proporcionando luz natural e ventilação. Os banheiros existentes no lado norte e os edifícios adjacentes ao leste limitaram as possibilidades de intervenção. Os espaços restantes ao norte foram transformados em varandas, com vistas para o quintal. Vidros foscos foram utilizados nas portas e janelas internas, permitindo a entrada de luz natural nos quartos do primeiro andar. O quarto no andar superior se beneficia de uma grande abertura voltada para o sul e uma varanda sombreada, com vista para as áreas externas, oferecendo a oportunidade de vivenciar as estações do sol e da monção.
Para o exterior, optou-se pela metalurgia em extensões leves e viáveis, ao mesmo tempo em que se explorou o ofício tradicional da alvenaria. A alvenaria de tijolos, com sua textura atemporal, tons terrosos quentes e irregularidades, cria um jogo encantador entre luz e sombra, gerando uma infinidade de texturas e padrões visuais. Durante o dia, as paredes curvas de tijolos se tornam uma tela viva para a interação da luz e das sombras. À noite, o interior mais claro, iluminado por luzes quentes, se transforma em uma lanterna radiante para todo o complexo. Com o gradiente de vegetação, a monção traz nova vida ao edifício, envolvendo o espaço, a materialidade e o ambiente dos moradores em um véu de neblina e magia.
O projeto adota uma filosofia arquitetônica adaptativa e sustentável, demonstrando à comunidade que demolições nem sempre são necessárias. Mudanças sutis, que consideram os aspectos climáticos e contextuais, podem criar um ambiente de convivência mais harmonioso, mesmo em meio a selvas de concreto não planejadas. Essa abordagem é especialmente relevante em um contexto socioeconômico onde usuários com orçamento limitado hesitam em contratar profissionais para grandes reformas no espaço.