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Arquitetos: Cicerone Arquitetura
- Área: 239 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Manuel Sá
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Fabricantes: Andra, Bela Metais, Brastemp, Concrete Seal, Coplas, Coral, DELIS, Deca, Electro Universo, Eletrouniverso Materiais Elétricos, Evercrete, Florense São José dos Campos, IWT Esquadrias, Inova, Intelbras, Mart Madeiras, Maxxi Prime, Nova Digital, Orguel, Otto Banho, +21
"uma pedra, quando lapidada e suspensa do solo
reinventa o espaço para a luz entrar
canta, sobre seus apoios,
o silêncio do seu próprio peso.
deseja ser arquitetura.
basta levitar?"
_Guilherme Cicerone
Projetar em arquitetura é um exercício de imaginar possibilidades. Trata-se, a cada obra, de um desejo de transposição daquilo que existe para algo que ainda será. Rompem-se as próprias fronteiras para enxergar, nas necessidades do outro, tudo aquilo que constrói o que entendemos como casa. São construções concebidas a base de sentimentos para edificar pessoas.
A casa Zênite, neste sentido, foi desenhada com o objetivo de potencializar a relação entre as pessoas e o ambiente construído. Partindo da ideia de abrigo e da organização e funcionamento dos espaços projetados, incorporou-se a linguagem na forma para que servisse como estímulo e amparasse o desejo de vivenciar histórias.
Como resultante desta pesquisa, dois volumes paralelos, distintos e independentes entre si, conformam a extensão dos ambientes da residência. O primeiro deles, assentado sobre o solo e com maior proporção de ocupação do terreno e da fachada, consolida-se como um bloco opaco de cor branca. Já o segundo, uma peça de concreto aparente moldada no canteiro de obras, é composto por dois planos consecutivos e angulados, que assume o protagonismo ao explorar a exiguidade dos apoios e o traçado autônomo incomum.
Se a densidade do volume branco serve como refúgio para os recintos destinados aos dormitórios, é sob a estrutura suspensa de concreto que se estabelece o acesso e hall social, o abrigo para veículos e as áreas técnicas e de serviço. Ingressando na casa, nota-se que, em determinada hora do dia, o arranjo entre as lajes permite introjetar uma quantidade controlada de luz natural nos ambientes coletivos. Trata-se de manejar a dimensão sensorial decorrente do vínculo entre o tempo e o espaço.
A integração das salas de estar e jantar com a cozinha e a varanda gourmet, centralizadas no desenho, opera mediando a distribuição dos dormitórios. A suíte principal ocupa a porção mais frontal do terreno, enquanto as demais estão localizadas ao fundo. Em todas, além de uma laje sinuosa de beiral que protege suas aberturas, os banheiros são iluminados e ventilados por jardins privativos. No quarto em destaque, esta área ajardinada se estende para ser incorporada ao aposento.
Explorando-se o equilíbrio entre a liberdade poética criativa e a construção das razões e compromissos firmados com o cliente, pode-se dizer que a casa Zênite também atuou como um aglutinador das experiências construtivas e do interesse comum pela arquitetura. E, nesta jornada, em particular, em que somos responsáveis por materializar aquilo que nos toca, o cume desejado foi uma casa de luz.