-
Arquitetos: TERRITORIAL
- Área: 1600 m²
- Ano: 2023
-
Fotografias:Cristobal Palma, Eleazar Cuadros
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Cemitério Mapfre Chiclayo está localizado na província de Monsefú, Lambayeque, Peru. A região era ocupada por cultivos e campos de arroz, distribuídos em um terreno plano e ligeiramente acidentado, correspondente à bacia do rio Chancay. Este rio se ramifica em canais, transformando a área em um vale fértil. Mais além, destaca-se o "Cerro El Reque" como o único elemento monumental em meio ao vasto terreno, tornando-se um marco significativo. El Reque e o vale são acompanhados por vários complexos arqueológicos como "Siete Techos" e "Ventarrón". Este último, com mais de 4.500 anos de história, conserva os murais mais antigos do continente americano.
A proposta é concebida como uma intervenção na paisagem, onde o volume busca alterar sutilmente a horizontalidade do lugar através de uma cobertura em forma de cunha que emerge do solo e é orientada em direção à via principal. O segundo componente é a capela, cuja verticalidade a torna o segundo elemento monumental do território. Sua orientação é condicionada pela intenção de dialogar com a montanha, celebrando assim sua importância dentro da memória coletiva do lugar.
O projeto se apresenta como um elemento em contato com o solo, que se integra ao terreno tornando-se parte dele. Foram propostos corredores que atravessam todo o edifício, conectando suas diferentes partes e priorizando as vistas da paisagem, onde os espaços de pausa são destinados ao descanso, e os trajetos do rito de sepultamento são acompanhados por árvores que proporcionam sombra.
Desde o início, o projeto apresentou um desafio, uma vez que o desenho dos espaços sacramentais deveria representar um evento em que a arquitetura acompanha sutilmente a experiência do usuário, tornando o espaço um lugar memorável. Essa exploração espacial, vinculada à estrutura, permitiu que não fossem realizadas mudanças durante a execução. Assim, o valor do projeto reside na identificação e articulação precisa dos componentes, evitando modificações não previstas desde sua concepção e respeitando temas de sustentabilidade.
O projeto resolve o paisagismo integrando as lápides em um plano geral, onde os caminhos são projetados como rotas sombreadas que se entrelaçam com as vistas. A exploração da materialidade é vital na relação com a paisagem, utilizando cores predominantes da época pré-hispânica para conectar-se com o entorno e a memória coletiva. Como resultado, os habitantes percebem a proposta como uma obra própria, associando-a ao lugar em que se encontram. Este projeto é o fruto da busca por uma atmosfera especial através do trabalho com a luz e a materialidade, onde procurou-se que a luz tivesse peso, e que o espaço fosse definido pela entrada da mesma.