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Arquitetos: AR Arquitetos
- Área: 650 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Ruy Teixeira
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este refúgio familiar está situado na paisagem de um belo vale na Serra da Mantiqueira, a 1300m de altitude. Aproveitando a morfologia da estreita faixa de terra, a solução propõe dividir o programa em três edifícios térreos, que se integram harmonicamente ao terreno da encosta em diferentes níveis – como marco e como mirante, em uma integração franca e respeitosa com o local.
Da pronunciada topografia, umas sucessões de caiadas paredes espessas brotam da terra para abrigar a área social, intercaladas por grandes painéis de vidro que se abrem livremente para emoldurar as vistas e gerar reflexos que fazem com que o verde e o céu circundantes invadam a arquitetura.
Na parte superior do conjunto, a casa da mãe se eleva como uma construção rural arquetípica de planta quadrada e telhado de quatro águas. Uma arquitetura vernacular revisitada, utilizando conhecimentos locais com um olhar atualizado. Suas fundações de pedra e sua sequência de janelas são interrompidas por uma grande abertura na quina sul da planta, que quebra a lógica geométrica do suporte para ampliar a vista, protegida do sol. No centro, uma grande claraboia banha com luz difusa o vestíbulo de acesso entre o pequeno salão e os dormitórios.
Além disso, a casa dos filhos e netos: situada em meio à floresta. O pavilhão linear em pedra e concreto é interrompido por um jardim central, que introduz a natureza na arquitetura e cria a intimidade necessária entre os ambientes, iluminando e compondo a paisagem da sala da área social da casa.
O pavilhão social compõe o conjunto como lugar de convivência por excelência, dividindo o programa de forma linear ao longo da arquitetura, cria uma reentrância em sua sequência que ilumina o espaço interior da sala e da cozinha, esta última que se projeta para fora da geometria retangular da arquitetura, com uma abertura angular que mira a paisagem da serra. Sua cobertura é também mirante, com acesso pelo térreo, cria uma nova perspectiva para o projeto, que se insere na paisagem, e se torna parte dela.
Na sua execução, o projeto prioriza o uso de materiais, técnicas e produtos locais, como a utilização de tijolos artesanais da região para os pisos, marcenaria de cedro replantado que perfuma os cômodos, realizada por mestres carpinteiros locais, pintura à cal sobre alvenaria e os muros de pedra feitos com técnica ancestral.
O projeto combina alto design com o saber fazer de baixa tecnologia, em uma lógica de cooperação entre a arquitetura contemporânea e a promoção da sustentabilidade econômica e cultural da região, priorizando e preservando o conhecimento artesanal, ao mesmo passo que minimiza os custos e emissões com o transporte de materiais. Além disso, o projeta utiliza de sistemas de aquecimento solar e biodigestão, e prioriza a iluminação e ventilação naturais, abundantes e bem orientadas, minimizando assim o consumo energético tanto em sua implantação quanto em seu uso.