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Arquitetos: Studiolada
- Área: 2000 m²
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Fotografias:Ludmilla Cerveny, Nathan Illy
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Fabricantes: Alfred Klein, Apic, Avenna, Drouot Bat, Europ Revêtements, Lift N Co, Maddalon, Wucher
Reparar/transformar um antigo site industrial
O projeto visa consolidar todos os serviços da comunidade de municípios em um único local, incluindo o terminal de ônibus da região. A requalificação de um antigo terreno industrial à beira do canal é realizada por meio de diversas ações estratégicas: a criação de um edifício de escritórios que se expande a partir do centro técnico existente, a reintegração de áreas verdes, o reaproveitamento e a relocação dos antigos galpões no terreno, além da descontaminação do solo. A transformação desta área artesanal e comercial, situada em uma região em declínio, representa um desafio importante para nossos territórios. O projeto propõe uma intervenção contemporânea que desencadeia uma renovação urbana e paisagística de um espaço obsoleto, promovendo a revitalização de uma área que busca se reinventar e se adaptar às necessidades atuais.
Desartificializar/descontaminar o solo e infiltrar água da chuva
O solo, antes pavimentado, foi parcialmente reaberto, permitindo a criação de um jardim de chuva que coleta a água das coberturas, facilitando a gestão hídrica no local. Reservatórios armazenam parte dessa água para abastecer a estação de lavagem de ônibus e os banheiros. Além disso, o uso de espécies vegetais para a fitorremediação ajuda a purificar os solos contaminados, contribuindo para a recuperação ambiental e a sustentabilidade do projeto.
Localização/arquitetura e cultura de construção
O projeto da sede da Comunidade de Municípios de Moselle e Madon busca uma arquitetura que combine clareza, sobriedade, estética e funcionalidade, ao mesmo tempo em que minimiza o impacto ambiental da construção. A proposta também visa abrir o espaço ao público, incentivando a apropriação e o engajamento da comunidade no processo.
O vasto telhado de terracota e zinco, que transmite a ideia de uma única cobertura protetora, cria uma marquise que envolve e protege as fachadas. Ao expor sua estrutura de madeira e as paredes de tijolo de terra crua, a sede da comunidade narra a história de um projeto que se apoia no que já existe, inspirado na arquitetura vernacular, nos materiais locais e nas habilidades da região, seja as presentes ou em desenvolvimento.
Este projeto é fruto de uma pesquisa desenvolvida no Studiolada ao longo de vários anos, centrada nas cadeias de suprimentos, materiais, processos construtivos e no envolvimento dos usuários. A arquitetura, ao expor seus materiais e sistemas estruturais, não apenas cria uma expressão arquitetônica única, mas também serve como um veículo para comunicar essa narrativa ao público.
Construir/transição para adaptação ecológica e climática
O projeto do edifício foi concebido com o objetivo de reduzir sua pegada de carbono, incorporando soluções arquitetônicas e técnicas sustentáveis. A planta organiza os espaços em torno de um átrio central, iluminado naturalmente e ventilado por "flamandes". A estrutura é feita com madeira de abeto dos Vosges, isolada com lã de madeira, enquanto as paredes internas combinam madeira e terra não estabilizada, conferindo à construção inércia térmica e eliminando a necessidade de ar condicionado.
Fonte/anexar o projeto com atores e recursos locais
Usar a terra como material de construção para duas paredes internas, ao lado de uma estrutura de madeira, foi uma escolha natural. O cliente rapidamente se inclinou pelo uso da terra local, que possui um forte valor simbólico. A estética da terra nua e sua capacidade de oferecer massa para aprimorar o desempenho térmico do edifício foram os principais pontos a favor. O projeto com terra foi iniciado após o treinamento do arquiteto nos Grands Ateliers (Amàco), seguido de uma colaboração prática no local.
Para o projeto, foram identificadas duas fontes de terra localizadas a 5 e 20 quilômetros de distância, as quais passaram por análises e testes para definir a formulação ideal. Utilizou-se um método simples, natural e local de fabricação, com foco também na futura fase de desconstrução. A mistura foi feita com argila, areia, palha picada e água, sendo moldada e seca para a produção de tijolos.
Treinar/apoio para o artesanato local
Como o setor de construção com terra era praticamente inexistente na região, foi criado um programa de capacitação antecipado, voltado para o fortalecimento da economia local, incluindo artesãos e associações de reintegração. Esse treinamento prático, realizado no local pela Amaco e financiado pela Comunidade de Municípios, por meio de um orçamento destinado à "capacitação de atores econômicos locais", possibilitou que profissionais sem especialização prévia adquirissem conhecimentos e habilidades na construção com terra.
Colaborar/uma olaria cidadã temporária
Foi organizada, posteriormente, uma oficina participativa no local, sob um grande galpão existente, para a produção dos 18.000 tijolos necessários para o projeto.
Sob a supervisão da Amàco e com a liderança diária de um profissional com "DSA em Construção em Terra", contratado pela Comunidade de Municípios, essa olaria temporária atraiu mais de 300 pessoas de diversos contextos (estudantes, moradores locais, autoconstruidores, autoridades eleitas, habitantes), que foram treinadas em construção com terra em troca de sua contribuição para a produção dos tijolos.
Após meses de secagem, os tijolos foram assentados por uma das empresas treinadas no apoio ao artesanato local, que teve a oportunidade de demonstrar essa habilidade durante o processo de licitação das obras.
Essa foi uma bela aventura cívica, valorizando a economia local e descobrindo recursos inexplorados para impulsionar a transição ecológica.
Conscientizar/a casa do projeto
O modelo educacional da futura "Casa do Projeto" visa explicar as diferentes fases do projeto a todos os envolvidos (prefeitos, moradores, alunos, empresas), desde a construção da estrutura principal até os acabamentos finais. Integrado a um contexto de mediação rica, o modelo inclui oficinas escolares, atividades em escolas primárias, parcerias com a escola de arquitetura, mesas-redondas e contribuições para o fortalecimento profissional por meio da federação da construção.
Ele demonstra a influente relação mútua entre um processo global de mediação com o público e um projeto arquitetônico legível.
Esse modelo foi apresentado na exposição organizada pela Maison de l'architecture Île-de-France: "O que os modelos fazem pela arquitetura #2" na Capela do antigo convento dos Recoletos em Paris.