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Arquitetos: Juhi Mehta Architects
- Área: 2200 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Studio BluOra
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Studio Chinar é uma unidade de fabricação de roupas e itens de decoração localizada em um terreno de 800 m² em uma área industrial nos arredores de Jaipur, Rajasthan. Projetado para atender ao desejo de um ex-aluno do National Institute of Design, em Ahmedabad, Índia, o espaço combina funcionalidade e conforto climático, integrando um ambiente de trabalho, um estúdio e instalações complementares para uma equipe de cerca de 100 pessoas, incluindo 80 artesãos (alfaiates e tecelões). Esses profissionais produzem tecidos contemporâneos feitos à mão, valorizando técnicas tradicionais. O projeto foi concebido para oferecer um ambiente de trabalho naturalmente iluminado, que favoreça o foco e estimule a criatividade, enquanto celebra o trabalho artístico do designer. A arquitetura aposta em espaços neutros que ganham vida por meio de pátios internos e da entrada de luz natural, criando uma atmosfera acolhedora e inspiradora em todos os níveis.
Localizado na Cidade Rosa – Jaipur, o projeto foi inspirado principalmente nas antigas havelis do centro histórico murado. Elementos como os pátios internos e as fachadas sólidas dessas construções foram reinterpretados para se adaptar ao clima extremo da região. A edificação combina uma estrutura de concreto armado (RCC) com um revestimento de tijolos expostos, abrangendo subsolo, térreo e dois pavimentos superiores. Os tijolos, blocos de argila Classe A, são de origem local, e as paredes das faces oeste e sul foram projetadas como paredes duplas (cavity walls), contribuindo para um ambiente sustentável enriquecido por padrões decorativos de tijolos e jalis. Os espaços internos seguem uma paleta de tons neutros, com paredes de tijolos aparentes, lajes de concreto e pisos de pedra Kota em geometrias simples, todos realçados pela luz natural abundante que entra pelos pátios, criando uma atmosfera harmoniosa e funcional.
O edifício possui duas entradas principais: uma destinada à chegada e expedição de materiais, além do fluxo de funcionários e trabalhadores, e outra reservada aos compradores. As áreas de trabalho foram organizadas em torno de pátios internos, garantindo ampla iluminação natural, enquanto os serviços estão localizados na parte traseira do edifício. O térreo, considerado o espaço mais estratégico, abriga os tecelões, artesãos, a designer-chefe e sua equipe. O subsolo é utilizado para o armazenamento de matérias-primas e como estúdio de amostras. No primeiro andar, encontram-se os alfaiates e as unidades de produção, enquanto o segundo andar foi projetado como um espaço de exposição para os produtos, com acesso a terraços em dois lados. O layout do edifício promove uma transição harmoniosa entre os diferentes ambientes, integrando de forma funcional todas as etapas do processo têxtil, da tecelagem à expedição.
A entrada pelo lado norte leva a um pátio central iluminado por uma claraboia, que cria uma sensação de amplitude e luminosidade. Aberturas estratégicas nas faces norte e sul permitem a entrada de luz natural nos ambientes internos. O pátio retangular no lado norte recebe luz solar indireta e difusa, ideal para as áreas de trabalho, incluindo o escritório da designer-chefe, que se conecta diretamente a esse espaço. No subsolo, a iluminação natural é aproveitada por meio de grandes ventiladores posicionados na face sul.
Considerando a orientação do terreno, a fachada frontal voltada para o oeste foi projetada de forma sólida, com tijolos dispostos em um padrão inspirado nos desenhos do cliente. Esse padrão não apenas quebra a monotonia, mas também cria um ritmo visual através do jogo de luz e sombra em diferentes ângulos. A parede sólida também proporciona conforto térmico, já que os tijolos projetados projetam-se para sombrear a fachada, protegendo-a do intenso sol da tarde. Construída como uma parede dupla (cavity wall), ela ainda atua como isolante térmico. A abundante entrada de luz natural no interior do edifício contribui para sua eficiência energética. A água da chuva é captada em um grande reservatório subterrâneo e reutilizada no edifício, enquanto painéis solares geram energia a partir dos recursos naturais abundantes de Rajasthan. O edifício mantém uma temperatura confortável o ano todo, sem necessidade de ar-condicionado.