Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto nasceu de conversas frequentes com minha família durante o período de isolamento na pandemia de COVID-19. Essas trocas me levaram a refletir: se as pessoas precisassem passar longos períodos em casa, seja por isolamento, trabalho remoto ou aposentadoria, como os espaços deveriam ser planejados? E, mais especificamente, como isso se aplicaria ao contexto das cidades vietnamitas? Foi assim que surgiu o projeto intitulado "Uma Casa na COVID."
Contexto do Projeto – Em países de clima temperado, o isolamento térmico e a retenção de calor são prioridades para manter o conforto. Nessas regiões, a construção de casas próximas pode ser uma solução eficiente para reduzir o consumo de energia com aquecimento. Já em países tropicais, como o Vietnã, onde predomina o clima úmido de monções, a necessidade é oposta: as casas precisam ser projetadas para garantir ventilação contínua e resfriamento, reduzindo a absorção de calor e proporcionando ambientes confortáveis durante os meses de calor intenso e umidade elevada.
Além disso, desde o período "Đổi Mới" (Renovação), o processo de urbanização no Vietnã levou o mercado imobiliário a adotar um modelo de "subdivisão," dividindo terrenos em lotes menores, geralmente com 4 a 5 metros de largura e profundidades variadas, conforme a região. Esses blocos densamente compactados, aliados ao uso predominante de concreto na construção, transformaram as cidades vietnamitas em grandes ilhas de calor. Essa dinâmica não apenas eleva as temperaturas urbanas, mas também torna a ventilação natural cada vez mais difícil nessas áreas.
Fresta de Ventilação – Resfriamento Passivo – Neste projeto, desenvolvido em um lote típico de subdivisão com 4,2 metros de largura e 23 metros de profundidade, enfrentamos os desafios de ventilação criando um espaço ventilado ao longo de uma das laterais da casa. Embora essa solução tenha exigido a redução da área útil em outros ambientes, os resultados trouxeram um nível de conforto considerável para os moradores. A casa integra uma parede naturalmente resfriada, conhecida como "resfriamento passivo," e a regulação ativa do fluxo de ar, realizada pela abertura e fechamento estratégico de janelas, uma técnica chamada "ventilação ativa." Essa parede, fina e exposta ao sol apenas até as 11h da manhã, atua como um elemento dissipador de calor, contribuindo para o resfriamento da casa ao longo do dia.
O "hardware" da solução é a largura do espaço de ventilação, que garante que, mesmo com construções vizinhas mais altas, a casa receba luz natural e ventilação. O "software" é composto por elementos temporários, como pergolados que proporcionam sombra ao jardim em frente ao quarto. No centro da casa, optamos por não adicionar pergolados, pois acreditamos que eles não são necessários no momento.
Casa com a Fachada Principal Voltada para o Oeste – Poluição Sonora – O lote deste projeto tem a fachada principal voltada para o oeste-sudoeste, o que exige que a frente da casa seja completamente fechada após as 14h para evitar o calor. Graças ao espaço de ventilação, o fechamento não deixa o interior abafado. Por volta das 15h às 16h, a diferença de temperatura entre o interior e o exterior chega a 3 a 4°C, criando uma sensação semelhante a sair de um ambiente com ar-condicionado – ao sair para fora, uma onda de calor é imediatamente sentida.
Além disso, o espaço de ventilação permite que o morador abra ou feche o portão da frente sem se preocupar com a circulação de ar. Ele pode fechá-lo completamente para bloquear o ruído ou abri-lo para interagir com os vizinhos.
Passagens Naturais Dentro da Casa – Para quem passa muito tempo em casa, ter espaços verdes para se movimentar e fazer exercícios é fundamental. Neste projeto, caminhar do quarto até a sala de estar por meio de um pequeno jardim, dentro da casa estreita, oferece uma experiência agradável e fortalece a conexão entre as pessoas e a natureza no próprio lar.