Descrição enviada pela equipe de projeto. Implantada em um loteamento situado no coração do bairro de Helvetia, na cidade de Indaiatuba, no interior de São Paulo, esta casa, ao mesmo tempo que transforma o local de implantação, depende intimamente dele para existir. Tira proveito da presença marcante das grandes árvores nos arredores do terreno para estabelecer a localização dos blocos que compõem o programa de necessidades. Utiliza a grande figueira situada numa área de preservação permanente contígua como eixo para implantação do bloco social. Este amplo bloco vazio, com dupla abertura, torna-se duplo mirante e proporciona visadas para o exterior e interior do lote, ao mesmo tempo que usufrui de generosa ventilação cruzada.
Um brise deslizante protege o interior das salas de estar, jantar e cozinha na face noroeste. Ao final da tarde, esta proteção solar pode ser aberta e convidar a figueira a participar da vida da família, importante demanda dos clientes. O abre e fecha destes painéis protege e desperta curiosidade na vizinhança. A fragmentação organiza o conjunto, em blocos de acesso, serviço, íntimo e social, ligados através de passarelas transparentes com cobertura leve. Os dormitórios tem suas aberturas direcionadas para um conjunto denso de plátanos que filtram a luz do sol, o que justifica a sua orientação aparentemente desfavorável.
Os blocos deslizam e se esticam no terreno e por sobre muros feitos de pedras coletadas na vizinhança e construídos por mão de obra local. A tecnologia empregada na grande cobertura metálica com grande vão conecta-se por oposição com a artesania do promontório rochoso. A piscina raia percorre todo o jardim, oferecendo-se para o nado e para as brincadeiras das crianças na sua porção mais larga. No canto do terreno, abre-se um espaço para a prática do futebol.
Ao planejar o enquadramento da grande figueira, alguns versos de músicas escutadas ao logo da vida repetiam-se no inconsciente, contribuindo para as decisões do projeto: "outside my window is a tree; there only for me" (Cream); "árvore da vida; árvore querida" (Arnaldo Antunes). Ao mesmo tempo, a delimitação de parte do horizonte proporcionada pelos blocos retangulares trazia constantemente à memória as peças de Donald Judd na remota Marfa: simultaneamente marcadores e ativadores da paisagem.
A coloração escura no exterior dos blocos busca o desaparecimento do conjunto no fundo verde, valorizando o seu vazio interior claro, no fim das tardes e começo das noites. A casa da figueira busca celebrar a conservação da natureza, no convívio dialógico entre o natural e o artificial, o artesanal e o tecnológico, o interior e o exterior.