Descrição enviada pela equipe de projeto. O casal possuía uma antiga casa geminada que estava alugada para comércio há anos. Localizada próxima a uma estação de metrô e em uma das ruas mais conhecidas de comércio de São Paulo, o local parecia a escolha ideal para a mudança de moradia e dos respectivos ambientes de trabalho. No entanto, a construção existente não atendia às exigências de ambos. Além disso, a demolição da casa apresentava o desafio de não comprometer a casa vizinha.
Ela é publicitária, ele é um ex-arquiteto que, por anos, teve uma indústria de construção em madeira, mas que agora se dedica à psicanálise. Amantes de arquitetura, encontraram no site do ArchDaily um projeto que parecia resolver os dilemas que enfrentavam. Ao entrar em contato com nosso escritório, solicitaram uma solução próxima à desse outro projeto: Agência de Turismo – NN Arquitetos Associados.
A antiga casa geminada foi completamente demolida para dar lugar à nova moradia e aos espaços de trabalho. Aproveitando o incentivo legal para edificações de uso misto, a nova construção abriga os espaços de trabalho de ambos nos pisos inferiores: o espaço de psicanálise no ambiente semi-escavado, proporcionando isolamento e tranquilidade junto ao jardim nos fundos, e o espaço da publicitária, que fica no piso térreo, devido ao fluxo de pessoas externas.
A área de moradia ocupa o piso superior, onde a insolação é melhor, com vistas para o bairro nos fundos. Em planta, o programa se organiza em duas faixas perpendiculares à rua: à esquerda, próxima à casa remanescente, estão os espaços de apoio, como circulações verticais, banheiros e área de serviços. À direita, ficam os ambientes de recepção, trabalho, descanso e convívio.
As fundações profundas não tocam na casa vizinha remanescente, evitando interferências nas delicadas alvenarias de tijolos. Todos os elementos estruturais ao longo dessa lateral estão apoiados em vigas alavancadas, com os blocos e estacas afastados dessa divisa. Já na lateral direita, devido à existência de subsolo no prédio vizinho, as fundações não tiveram restrições.
A materialidade é enxuta e busca evidenciar a construção crua: vigas e pilares de aço, lajes pré-moldadas de concreto e alvenarias de bloco de concreto permanecem aparentes. Caixilhos de alumínio fazem o fechamento, e os moveis em compensado e aço completam a construção.
Do ponto de vista urbano, quando a porta de entrada está fechada, a construção se isola completamente da rua movimentada à frente, expondo à via apenas o grafite de Zezão. No entanto, quando aberta, a grande porta articulada cria uma marquise de acesso que abre o interior do prédio como uma extensão do espaço público.