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Arquitetos: Joana do Vale Dourado, MACh Arquitetos, Pedro Vieira
- Área: 120 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Rafael Motta
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Fabricantes: Atlas, Deca, Suvinil

Descrição enviada pela equipe de projeto. Em um edifício da década de 1970 passa por uma reforma que vai além de uma atualização estética. Este apartamento está localizado no edifício Asturias, em um conjunto formado por 3 blocos de planta circular, conectados pelo hall de escadas e elevadores. Cada apartamento ocupa metade do bloco e tem forma de meia lua.

Ao iniciar o projeto, compreendemos que a disposição dos espaços internos seguia uma lógica radial. Com isso, decidimos abrir mão da rigidez ortogonal e explorar a forma circular para organizar sua nova configuração. Uma parede estrutural circular atravessa todo o apartamento e o divide em duas faixas: uma voltada para a fachada externa, onde estão as áreas sociais e quartos, e outra interna, que se abre para o fosso do edifício e concentra banheiros, cozinha e área de serviço.

As clientes possuem um grande acervo de livros e objetos de valor afetivo, que foram adquiridos ao longo dos anos através de viagens, trabalho e amigos. Como elas gostam de pensar em todos os detalhes, o apartamento precisava acolher e valorizar esta coleção. Para isso, criamos uma grande estante curva ao longo da parede da sala. Ela funciona como biblioteca, expositor, e ainda marca as entradas para a cozinha e o novo escritório.

As paredes curvas nos levaram também a propor uma disposição menos convencional para os móveis, que estão deslocados das paredes e seguem uma disposição radial. Assim, o layout foi planejado em fatias. Para destacar ainda mais sua forma curva, a iluminação da sala é feita por uma calha metálica, com luz indireta, que acompanha o desenho do espaço.

A fatia onde estão cozinha e área de serviço foi a que recebeu intervenções mais profundas. Retiramos boa parte das paredes, unindo cozinha e área em um só espaço, mais amplo e ventilado. O antigo quarto de serviço foi transformado em escritório com um novo acesso pela sala. A configuração original das paredes pode ser vista pelas vigas no teto, que ficaram expostas preservando o pé direito alto e a referência à planta original.

Cozinha e área de serviço ocupam paredes opostas. Como o espaço é compacto, a marcenaria foi pensada para atender as necessidades das clientes, que gostam de cozinhar e receber. Assim, conseguimos otimizar os armários para permitir que todos os processos, hábitos e utensílios tivessem seu lugar especial.

Na parte íntima da casa, o primeiro quarto foi transformado em mais um escritório. Para quebrar o corredor longo, iluminar o espaço de trabalho e integrá-la com a casa, eliminamos uma parede e substituímos por um painel de madeira e vidro. Assim, o escritório pode ser isolado quando for necessário mais privacidade e ainda assim manter a iluminação natural. As moradoras queriam aproveitar os acabamentos e armários do banheiro social, com desenhos e cores característicos dos anos 70. Intervimos pontualmente apenas nas paredes onde seriam refeitas as instalações hidráulicas, que ganharam novo acabamento.
