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Arquitetos: Pargar Architecture and Design Studio
- Área: 469 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Parham Taghioff

"A Casa Rafieian" exemplifica a intrincada relação entre os espaços interiores e exteriores, levantando uma questão intrigante: onde está o limite entre o lado de fora e o de dentro? Esse tema fascina arquitetos há muito tempo, enquanto exploram como os espaços se conectam e interagem, desde a experiência primitiva de observar a chuva de dentro de uma caverna até a conexão transparente ao ar livre da casa de vidro de Johnson.



A Casa Rafieian reinterpreta essa conexão, transformando-a de um diálogo em um monólogo, onde as lembranças formadas pela presença se preservam em cada porta onde os espaços exterior e interior se encontram. Esse conceito gira em torno da "presença" e sua essência temporal—a natureza elusiva do "agora," que desaparece assim que aparece. Aprofundando-se nessa temporalidade, os arquitetos identificaram um ciclo nas experiências espaciais: "estar", "passar" e "chegar". Nesse contexto, "estar" e "chegar" são "lugares" arquitetônicos, enquanto "passar" incorpora o espaço de transição entre eles.

Na Casa Rafieian, a passagem entre os espaços externos e internos cria um diálogo dinâmico que, enquanto registra memórias, também as separa. Esse espaço transitório captura diversas experiências sensoriais—chuva, luz solar, sombras e até neve—infundindo em cada momento uma sensação única de presença.


Um aspecto fundamental do projeto é a disposição espacial. Dois edifícios estão lado a lado, em diferentes alturas, conectados por pontes de vidro que simbolizam a ideia de "cruzar". As janelas de vidro de cada edifício refletem as imagens dos moradores, intensificando a sensação de presença e conexão visual entre "estar" e "chegar". Essas pontes de vidro centrais, ligando ambos os lados da casa, criam uma passagem contínua e serena que convida a vislumbrar o exterior em uma sequência interna.

A composição espacial da Casa Rafieian também é reflexiva. O térreo da estrutura maior abriga a sala de estar, cozinha e escada, enquanto a estrutura menor abriga a sala de jantar, sala de TV e quarto de hóspedes. O primeiro andar da estrutura maior contém os quartos e uma pequena sala de estar, com o quarto principal no lado menor. O andar inferior é dedicado a um salão que se abre para um jardim ao norte, com áreas adicionais para armazenamento, estacionamento e utilidades.



Mais do que uma vila, a Casa Rafieian captura a essência de um lar ao incrustar memórias em seus espaços. Cada elemento arquitetônico—dos reflexos no vidro aos espaços de transição—serve para registrar momentos, fazendo da casa um recipiente de presença e nostalgia. Por meio desse projeto, os arquitetos encapsulam uma filosofia onde cada passagem, cada janela e cada ponte agem como limiares transparentes, lembrando seus ocupantes de sua presença constante, mesmo na ausência.
