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Arquitetos: Jorge Díaz Estudio
- Área: 65 m²
- Ano: 2024
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Fotografías:Silvia Gil-Roldán
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Fabricantes: Ceràmica Ferres

Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto aborda a transformação de uma casa de 65 m², marcada pela sua fachada limitada e grande profundidade, que em seu estado original apresentava uma planta rígida e compartimentada, dependente de dois pequenos pátios internos para iluminação e ventilação. O resultado era um espaço escuro e estreito, sem fluxo.


Com um orçamento limitado, a estratégia é abordada com austeridade criativa: liberar o espaço removendo divisões desnecessárias, permitindo a entrada de luz e gerando uma planta mais flexível e aberta.
A intervenção foca em dois elementos-chave; 1. Uma unidade de serviço central que combina banheiro, toalete e armazenamento, otimizando o uso do espaço; 2. Uma cozinha-sala de jantar aberta, organizada em torno de uma ilha de mármore Carrara que se torna o coração funcional e estético da casa.


O piso original de terrazzo foi meticulosamente preservado, com suas imperfeições entrelaçadas na narrativa do espaço. As marcas das antigas paredes são enfatizadas com inserções de mármore, reinterpretando a técnica japonesa kintsugi, onde as fraturas não são escondidas, mas celebradas, destacando a beleza do imperfeito e do vivido.


Nas áreas onde o terrazzo não pôde ser recuperado, foi introduzido um novo piso de terracota de 20x10 cm, também utilizado no revestimento vertical, rodapés e bancos. Em contraste, um azulejo cerâmico amarelo esmaltado do mesmo tamanho adiciona um toque vibrante à ilha e ao banheiro, estabelecendo um diálogo cromático entre o clássico e o contemporâneo. As instalações são deixadas expostas, e a iluminação vem das paredes, descartando os tetos falsos para manter a altura máxima e destacar a honestidade material do projeto. A cozinha e a ilha são resolvidas como elementos embutidos, enfatizando a simplicidade e o rigor construtivo.


Como gesto final, cortinas de veludo são incorporadas, capazes de dividir temporariamente os espaços, adicionando uma dimensão cenográfica que confere ao projeto uma atmosfera teatral, onde o cotidiano se transforma em uma rica e dinâmica experiência espacial. Essa intervenção transforma as limitações iniciais em oportunidades para criar uma casa luminosa, flexível e cheia de caráter, onde a memória arquitetônica e a vida contemporânea coexistem em harmonia.
