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Arquitetos: Graal
- Área: 400 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Maxime Verret

Descrição enviada pela equipe de projeto. Beynes, espalhada pelo vale do rio Mauldre, combina uma cidade histórica que concentra serviços e instituições com três vilas residenciais, um campo militar e uma floresta nacional. No ponto de encontro desses bairros, o novo salão comunitário se destaca em uma paisagem agrícola ondulada e pontuada por habitações suburbanas. O principal desafio do projeto foi equilibrar as escalas doméstica e rural, criando um espaço central que fortaleça o senso de pertencimento dos moradores a esse território disperso. Situado à beira da estrada departamental que percorre o vale, o edifício se ergue sobre um terreno agrícola degradado, cercado pela estrada, a linha férrea e uma antiga via local, à qual se conecta naturalmente. Combinando elementos de uma arquitetura icônica "de beira de estrada" e uma releitura contemporânea do celeiro agrícola, o salão emerge como um volume mineral suavemente integrado à paisagem, coberto por um estreito telhado de duas águas.

O projeto organiza-se em três elementos arquitetônicos distintos, definidos pela variação de materiais. A base de concreto pigmentado ancora o edifício ao terreno, expandindo-se em um terraço que convida à interação com a inclinação do solo e a paisagem ao longe. Acima dessa fundação, a estrutura de madeira do telhado traz leveza e conecta o edifício ao céu, destacada pela transição clara entre os materiais. O telhado metálico, por sua vez, completa a composição ao projetar suas abas para além do volume principal, criando uma conexão visual e física com o entorno. O diálogo entre paisagem e arquitetura é evidente tanto na escala ampla quanto nos detalhes dos acabamentos e na montagem cuidadosa dos materiais. A fachada sul, levemente dobrada, cria um espaço flexível que pode ser dividido em dois ambientes e direciona vistas estratégicas para os acessos da cidade. Este celeiro contemporâneo reflete uma identidade territorial que harmoniza as dimensões urbana e paisagística.

No lado norte, uma camada técnica organiza duas entradas distintas, permitindo a visualização cruzada do espaço interno. A versatilidade do salão é garantida por uma parede móvel que possibilita transformar o espaço principal de 230 m² em dois ambientes menores. A dobra na fachada não apenas facilita essa divisão, como também contribui para a criação de nichos acústicos que enriquecem o ambiente sonoro. Internamente, a simplicidade do exterior se reflete nos acabamentos: as paredes verticais utilizam dois tratamentos distintos que realçam a horizontalidade da paisagem, controlam a acústica e tornam a base e a cobertura claramente legíveis. Enquanto a base de concreto pigmentado é exposta entre os espaços técnicos e o salão, as paredes periféricas são revestidas com painéis de madeira perfurada, trazendo calor e textura ao ambiente. Soluções sustentáveis também foram incorporadas ao projeto. Um poço canadense foi instalado para controlar a temperatura do ar, aproveitando a inércia térmica do concreto, enquanto as abas do telhado protegem o interior da luz solar direta no verão. O layout do terreno foi cuidadosamente planejado para respeitar a topografia e as condições hidrológicas locais. A ampliação da via existente permitiu a instalação da base do edifício e de um estacionamento linear arborizado, minimizando impactos ambientais e mantendo a harmonia com a paisagem do vale.
