
-
Arquitetos: LOCALARCHITECTURE
- Área: 3312 m²
- Ano: 2024
-
Fotografias:Matthieu Gafsou

Descrição enviada pela equipe de projeto. Com seu pequeno impacto ambiental, esse projeto para os novos vestiários e o bar do Centro Esportivo Daillens é pioneiro e ambicioso, apesar de seu modesto programa. As antigas instalações municipais de vestiário, datadas da década de 1970, estavam muito degradadas para serem renovadas. Assim, a autoridade local decidiu fornecer novas instalações para sua equipe de futebol, o FC Venoge. O edifício é organizado ao longo do eixo do campo de futebol, estendendo-se elegantemente e coberto por um grande telhado de metal. O telhado parece fino como papel, com seu cume ecoando as montanhas ao fundo. O volume é feito principalmente de madeira, cobrindo uma área de menos de 400 m2. Ele abriga vestiários e chuveiros para os jogadores, juntamente com um bar e suas comodidades associadas, além de um espaço para o clube de boliche.

Materiais locais e sob medida - A madeira utilizada tem origem principalmente de florestas locais (lariço), enquanto a palha usada para isolar as paredes foi fornecida por agricultores da vila. Foram feitos 1.200 fardos pequenos de palha sob medida utilizando antigas máquinas de enfardar que foram colocadas de volta em operação para essa tarefa. As dimensões dos fardos de palha ditam todo o projeto, referenciadas mesmo em seus menores detalhes. As estruturas da parede – feitas de madeira maciça, com a mesma profundidade substancial dos fardos de palha – foram pré-fabricadas e isoladas na oficina. A estrutura primária é composta por 37 molduras repetidas de madeira laminada colada, espaçadas igualmente, seguindo novamente as dimensões dos fardos. Essas estruturas primárias de abeto possuem suportes de comprimentos variados que sustentam as ripas tingidas de verde e o telhado de metal ondulado.



Com sua forma curva e côncava, o telhado desliza suavemente para o espaço entre os campos de girassóis e o campo de futebol. O volume, protegido por sua cobertura de metal, é dividido em quatro ambientes separados, dispostos simetricamente em cada lado da linha central do campo de futebol. Essas instalações aquecidas são separadas por espaços cobertos onde as equipes podem se reunir e, no centro, está um espaço comunitário aberto com um bar. Do lado do campo, o grande corredor de entrada é moldado pelo ritmo da estrutura de madeira, ele se estende do estacionamento em direção às terras agrícolas, com uma longa área coberta que proporciona acesso ao local para todos os usuários. O edifício está levemente elevado do chão até a altura dos assentos. Este design acolhedor, em estilo pavilhão, convida os usuários a se sentarem ao redor do perímetro do volume durante os jogos ou a desfrutarem do sol do lado das colinas.



Camadas - A arquitetura desta estrutura distintiva, com seus tons e cores diferenciados, expressa seu caráter através da sobreposição e colagem, o que torna seus vários elementos muito fáceis de serem lidos. Sobrepostos entre as estruturas de madeira natural de cor clara que sustentam o volume, os painéis verdes feitos de madeira de lariço local lembram os fardos de palha que estão dentro deles. A ventilação é destacada por divisórias também feitas de madeira de cor clara. Elementos do mundo agrícola, como o telhado de metal e os raspadores de lama no chão, contrastam com a sofisticação da arquitetura de madeira, que homenageia o ofício e a expertise dos carpinteiros e a flexibilidade deste material.

Reutilização consciente - Além de usar materiais locais, que limitam a quantidade de transporte necessária, uma atenção especial foi dada à reversibilidade dos elementos de construção. Este volume foi concebido dentro de uma ética de design simples a qual permite que sua eventual desconstrução seja imaginada. Como parte da mesma abordagem, elementos da antiga infraestrutura foram reutilizados sempre que possível. A antiga estação de lavagem de botas foi realocada, por exemplo, assim como um dos antigos depósitos no local, que agora abriga uma bomba de calor externa. Por fim, painéis fotovoltaicos no telhado fornecem eletricidade para as instalações e a bomba de calor, alcançando um equilíbrio quase perfeito entre consumo e geração no local. O uso de concreto, por sua vez, foi mantido a um mínimo estrito. Este pequeno volume, inaugurado em setembro de 2024, incorpora discretamente uma abordagem madura e plenamente desenvolvida em uma era definida pela necessidade dos humanos operarem de forma responsável em relação aos recursos e ao nosso meio ambiente.
