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Arquitetos: Sanuki Daisuke architects
- Área: 139 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Hiroyuki Oki

Descrição enviada pela equipe de projeto. A casa em Vung Tau, uma cidade provincial no sul do Vietnã, está localizada em um terreno típico de casas tubulares. Com as laterais e a parte traseira bloqueadas pelas casas vizinhas, não há ventilação ou iluminação natural por essas aberturas. Além disso, a fachada frontal, voltada para o oeste, fica exposta à intensa luz solar tropical durante a tarde, criando um ambiente potencialmente desconfortável. Apesar dessas limitações, os proprietários vietnamitas desejam um lar que combine espaços abertos e abundância de vegetação.



No Vietnã, cerca de 80% das casas urbanas seguem o estilo nhà ống (casa tubular), construídas em terrenos estreitos que medem entre 4 e 8 metros de largura por cerca de 20 metros de profundidade. Essas estruturas, frequentemente com 4 a 6 andares e sem paredes compartilhadas, são posicionadas muito próximas umas das outras, formando um tecido urbano denso. Com a fachada frontal voltada para a rua e as outras três laterais fechadas, o grande desafio dessas casas é incorporar de maneira eficiente a luz natural e a ventilação.



Há muitos anos, estudamos um protótipo de casa tubular no Vietnã, buscando desenvolver uma tipologia que, por meio de um modelo de corte transversal, combine volumes privados fechados com espaços comuns abertos. Essa abordagem, adaptada ao clima local, visa otimizar a luz natural e a ventilação. Em áreas urbanas de baixa altura e alta densidade, consideramos essencial transformar ambientes escuros e opressivos em espaços claros e abertos, melhorando a qualidade de vida dos moradores urbanos no Vietnã.




Nossa ideia era simples: transformamos todo o terreno em um "vazio" entre as casas vizinhas. O primeiro andar serve como uma plataforma com salas de estar e quartos privativos, enquanto, a partir do segundo andar, inserimos lajes abertas. O telhado e a fachada foram cobertos com persianas leves de aço. As lajes foram projetadas com diferentes níveis e profundidades, criando diversos espaços a partir de suas sobreposições. Na fachada frontal, onde a laje foi amplamente recortada, criamos um jardim tridimensional com um átrio contínuo desde o primeiro andar. Esse átrio, junto com outro na parte traseira, permite que ventos frescos do oceano fluam pelo interior da casa. Essa solução, desenvolvida a partir de estudos de protótipos de casas tubulares, busca criar um espaço de convivência aberto que integra áreas externas, inspirado nas características das residências tradicionais vietnamitas.


No átrio do jardim frontal, foi plantada uma magnólia-branca de 10 metros de altura, rodeada por um sistema de circulação com escadas e passarelas. A árvore e o jardim são visíveis de todos os ambientes da casa. As salas de estar e jantar, assim como os quartos do segundo ao quarto andar, estão conectados ao jardim por divisórias móveis, como portas de correr e dobráveis. Dessa forma, em vez de o jardim ser apenas uma parte da casa, a casa inteira se torna um jardim, criando a sensação de viver dentro dele.


O jardim frontal, coberto por árvores e sombras de tamanhos variados, atua como uma zona de transição para a fachada oeste, permitindo a entrada de luz no edifício, mas impedindo a luz direta nos quartos e outros cômodos. As sombras são formadas por painéis angulados de diferentes tipos, empilhados de maneira a criar padrões que mudam ao longo do dia. As crianças podem brincar sob a luz filtrada pelas sombras, aproveitando o crescimento diário das árvores tropicais e a brisa agradável. Esta proposta de casa integrada ao ambiente externo é ideal para o contexto de alta densidade do Vietnã.
