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Arquitetos: pk_iNCEPTiON
- Área: 180 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:pranitborastudio

Descrição enviada pela equipe de projeto. Espaços habitáveis exigem uma abordagem sensível em todos os aspectos. O design das transições pode ser um dos elementos-chave para enriquecer a experiência por meio de diversas sobreposições—sejam elas de atividades, espaços públicos e privados ou áreas construídas e não construídas. Localizada em uma área semi-rural da cidade de peregrinação de Vani, em Nashik, Maharashtra, esta residência ocupa um terreno longo e estreito, orientado no sentido leste-oeste, com suas laterais compartilhando paredes com casas vizinhas. O cliente idealizava um lar para uma família de quatro pessoas, complementado por um espaço de escritório para apoiar sua prática sacerdotal, que recebe diariamente entre 50 e 60 visitantes da cidade e vilarejos próximos.




Diante do adensamento da região e das limitações do terreno, o projeto articula estrategicamente espaços construídos e não construídos, criando quatro áreas vazias—estacionamento aberto, pátio público, pátio privado e quintal—que proporcionam luz e ventilação, além de oferecer flexibilidade para futuras expansões. O entorno é formado por casas vernaculares, de escala íntima e intensamente ligadas à vida social. O projeto começou com a criação de uma varanda semiaberta voltada para a rua, que se torna o primeiro ponto de interação da casa com seu contexto. Esse espaço funciona como um escritório informal e sala de estar, permitindo ao sacerdote receber clientes e convidados com facilidade, atuando como uma zona de transição entre atividades públicas e privadas. O pátio público, que serve como área de chegada, amplia ainda mais a funcionalidade da varanda, acomodando diferentes usos conforme necessário.




O segundo espaço aberto, situado mais ao fundo do terreno, forma o pátio privado, cercado pela sala de estar, sala de jantar e um quarto no térreo, além de ser visível dos dois quartos no pavimento superior. Posicionado no lado sul, esse pátio maximiza a entrada de luz e ventilação, desempenhando um papel essencial como espaço de convivência familiar, onde todos os ambientes se conectam sem comprometer a privacidade. O projeto de planta introspectiva reforça os laços familiares, com espaços como o pátio de entrada, a varanda, a cozinha e o pátio interno estrategicamente organizados para estimular o diálogo e a interação. O escritório e a varanda voltados para a rua contam com elementos verticais que garantem privacidade em meio à vizinhança densa, ao mesmo tempo em que facilitam a conexão com o espaço público, promovendo a atividade profissional da família e equilibrando vida pessoal e comunitária.


A mulher da casa, responsável pela maioria das tarefas domésticas e também envolvida na prática sacerdotal, teve um papel central na concepção do projeto. Para atender às suas necessidades diárias, a cozinha foi estrategicamente posicionada, garantindo fácil acesso ao pátio público, ao estacionamento e à área de jantar. Elementos como sacadas funcionais foram incorporados para melhorar a interação e a praticidade. Uma delas se abre para a rua e o estacionamento, reforçando a conexão com os vizinhos e o espaço público, enquanto a outra se volta para o pátio público, facilitando o serviço durante reuniões e atividades do escritório.



Os dois quartos no pavimento superior foram projetados com aberturas verticais e sacadas que garantem iluminação e ventilação adequadas, ao mesmo tempo que preservam a privacidade em meio às construções vizinhas. Cada quarto se abre para terraços que oferecem vistas para os diferentes pátios, promovendo uma integração fluida entre os espaços e unificando a residência. A escala da construção foi inspirada no contexto local, com um acesso coberto de 2,10 metros de altura que leva a um pátio aberto ao céu. Em seguida, uma varanda coberta de 2,40 metros serve como área de transição pública. O térreo, com 2,70 metros de altura, se conecta às áreas privadas distribuídas nos andares superiores.

O pátio de entrada atua como um espaço flexível de recepção, conectando áreas privadas e públicas. O pátio interno funciona como o centro de convivência da família, articulando diferentes funções privadas, enquanto o quintal serve como área de serviço, espaço para secagem de alimentos ao sol e para ventilação da sala de estar. A sobreposição entre o construído e o não construído, a organização dos espaços, o detalhamento dos elementos e a forma de vivenciar o cotidiano se combinam para formar a "Casa das Sobreposições"—um espaço que convida, se expande e se torna íntimo conforme o tempo e a cultura evoluem.