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Arquitetos: Luiza Nadalutti
- Área: 138 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Yghor Boy

Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto para o Quintal Mogi, um estabelecimento que engloba restaurante, café e venda de produtos orgânicos, partiu do conceito do próprio "quintal", um espaço que evoca acolhimento, memórias, afeto e simplicidade, com o objetivo de criar uma atmosfera única para o local. Originalmente, o imóvel de esquina era uma antiga casa que passou por diversas transformações ao longo dos anos para acomodar diferentes usos comerciais e apresentava uma configuração desfavorável, com extensões improvisadas, telhados precários, diversos revestimentos sobrepostos, patamares, janelas com pouca visibilidade e uma fachada completamente fechada para a rua. O primeiro passo foi promover a "abertura" do espaço, removendo forros, unificando coberturas, integrando ambientes e eliminando desníveis.



A fachada foi um desafio significativo de projeto: uma pequena laje saliente na esquina foi demolida e o telhado foi embutido para que resultasse em um volume mais harmônico; novas aberturas foram feitas e um novo conjunto de esquadrias foi proposto, com o intuito de estabelecer uma relação mais franca entre o ambiente interno, o passeio público e o céu, garantindo ao mesmo tempo ventilação e iluminação naturais aos ambientes internos. Na entrada, a luz do sol é filtrada pelo forro de compensado naval com furações de serracopo, criando um efeito luminoso, elemento de transição entre o exterior e o interior também contribui para a sensação de acolhimento e destaca a jabuticabeira plantada ao redor do icônico piso de caquinhos vermelhos. Além disso, foram criados novos pátios: o primeiro, com um lavatório com cuba esculpida em concreto moldado no local e que dá acesso aos banheiros; o segundo, com um banco de blocos de concreto aparente, destinado a cafés ao ar livre. Ambos os pátios apresentam paredes em tom terracota, em diálogo com o piso de caquinhos, ressaltando a presença do verde das plantas.



A disposição do programa considera a configuração original da casa. A cozinha e os espaços de apoio foram posicionados no centro da planta entre as paredes estruturais de tijolinho maciço que foram preservadas. A ideia foi aproveitar a profundidade dupla da parede para criar um jogo de cheios e vazios com nichos de diferentes tamanhos. As peças de granito das antigas bancadas, removidas na demolição, foram reutilizadas nos acabamentos das bases de cada nicho. Um dos nichos se abre para a cozinha configurando um passa-prato que facilita a dinâmica interna dos funcionários, além de permitir a conexão visual entre os dois ambientes e proporcionar uma perspectiva da rua para quem está dentro da cozinha. Em diálogo com o mobiliário fixo do balcão do café e das áreas internas, o mobiliário para o salão foi projetado como uma família de expositores, incluindo estantes, buffets e bancadas com rodízios. A materialidade combina o compensado naval aparente nas prateleiras e armários, a madeira maciça na estrutura em caibros e a fórmica azul francês em alguma das faces do móvel para um detalhe de cor.
