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Arquitetos: Robbie Walker
- Ano: 2024
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Fotografias:Tasha Tylee

Resumo – Este projeto é um ótimo exemplo de como um bom projeto só é possível com um bom cliente. O briefing foi simples: "Quero algo pequeno para compartilhar com minha família e amigos." Durante as semanas que antecederam minha visita ao terreno, Hollie me enviava fotos das árvores, explicando cada espécie, sem nunca mencionar amostras de revestimentos ou bancadas de cozinha. Ficava claro que o mais importante para ela era o terreno e a sensação que a construção traria.


Informações sobre o Local e o Projeto – O terreno, localizado no início de uma encosta onde a água da rua se acumula, possui apenas uma área plana próxima ao limite, cercada por árvores altíssimas. Para manter a construção fora da zona de alagamento e integrada à paisagem, a estrutura foi erguida entre as árvores. Quatro colunas evocam troncos, enquanto ripas de aço filtram a luz de maneira orgânica, criando sombras dinâmicas, como as folhas ao vento. Além de contribuir para a estética, essas ripas favorecem a ventilação natural, protegendo a edificação do calor intenso sobre as telhas e paredes metálicas. Compacto, mas funcional, o projeto abriga um quarto, um banheiro, cozinha e sala de estar.


Elevar a casa do solo também permitiu aproveitar a área inferior para o acesso de veículos e a construção de uma garagem na parte plana, que abriga uma lavanderia e uma cozinha externa discreta. Como a região é classificada como BAL 40 devido ao risco de incêndios florestais, todos os materiais externos precisaram ser não inflamáveis.



Eficiência Ambiental – O verdadeiro destaque deste projeto é a coragem da cliente. Poderíamos dizer que os interiores são revestidos de madeira por ser um material sustentável, e o restante é de aço por sua alta reciclabilidade. Mas, em um mundo onde construir maior é a norma, optar por algo pequeno exige determinação. Agentes imobiliários sugerem que casas de quatro quartos e três banheiros têm melhor valorização. Bancos tendem a desvalorizar residências menores, tornando o financiamento mais difícil. Mesmo os custos com consultores e autorizações não diminuem proporcionalmente quando se constrói em menor escala. Após todo esse processo, resistir à tentação de dobrar o tamanho e consumir mais recursos foi uma decisão ousada. Construir menos e com mais consciência pode ser tão ou mais relevante do que a escolha dos materiais.

Pontos de Interesse – Em um clima como o australiano, um edifício de aço pode esquentar rapidamente no verão. Como a madeira não era uma opção devido às restrições de incêndio, o revestimento de ripas metálicas foi essencial para a climatização passiva. Essas ripas criam uma camada de sombra ao redor da estrutura, permitindo a circulação do ar e reduzindo a necessidade de climatização artificial.
O projeto está localizado em terras tradicionalmente habitadas pelos povos Taungurung e Gunaikurnai.