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Arquitetos: Bruno Manso
- Área: 23 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Luiz Alberto Silveira Frias
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Fabricantes: Cardal, Deca, Electrolux, Fernando Jaeger PL, Marcenaria Baraúna, Masutti Copat, Quartz Marmoraria, Sicotti Casa, Spirit, Stella, Taschibra, Tecnobeton, Tok&Stok, Tramontina, reka iluminacao

Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizado na Vila Buarque, na região central de São Paulo, o objeto desse projeto resulta da tensão entre a necessidade de moradia "acessível" em grandes centros urbanos, o alto custo do m² construído nessas regiões e a promoção dessas moradias por intermédio do capital privado. O apartamento situa-se em um edifício projetado pelo escritório Shundi Iwamizu Arquitetos Associados (SIAA). O edifício, por sua vez, resulta de uma outra tensão entre a "boa intenção" – ou interesse mercadológico em agregar valor ao produto – da incorporadora, ao delegar a realização do projeto arquitetônico de alguns de seus empreendimentos aderentes ao programa MCMV a bons escritórios paulistanos, e a dificuldade em manter a integridade e a qualidade do projeto original diante da maximização dos lucros da incorporação.



Comercializado como uma unidade habitacional de 1 dormitório, o apartamento totaliza aproximadamente 23m² e desenvolve-se linearmente à fachada oeste do edifício, sombreada ao fim da tarde pelo edifício adjacente. Com aberturas dedicadas a cada ambiente, há uma condição razoável de iluminação e ventilação natural no espaço interno. A sala centralizada à planta, por onde o apartamento é acessado, distribui o fluxo para o dormitório de um lado e para a cozinha e o banheiro de outro – esses dois últimos com dimensões aproximadas entre si. A execução do edifício em alvenaria estrutural diminui a possibilidade de novos arranjos entre esses ambientes.


Dentre os desafios e diretrizes apresentadas ao projeto estavam o interesse em contemplar uma cozinha "completa" em um espaço diminuto, integrar as atividades de jantar e estar, armazenar uma quantidade razoável de livros e de itens pessoais de um casal, além de acomodar um pequeno espaço para trabalho. A primeira estratégia projetual deu-se por remover a única divisória não estrutural do apartamento – entre sala e dormitório – invertendo o acesso original ao dormitório, como forma de ganhar mais espaço de armazenamento em toda a sua extensão. A integração do dormitório à sala possibilitou ampliar a iluminação e ventilação natural nos ambientes internos. Sem chegar ao teto, a nova divisória em tecido fixada em uma prateleira possibilita compartimentar os ambientes novamente quando necessário.

A partir da disposição do mobiliário na sala, buscou-se diluir os limites entre as áreas de estar e jantar integrando-as em um único espaço. Para a divisória estrutural entre a sala e a cozinha/banheiro foi projetada uma estante que pudesse não só acomodar os livros, mas também incorporar as portas de correr que cerram esses ambientes – ganhando a área de parede para onde as portas originais se abriam. Para aproveitar o pequeno espaço da cozinha (1.87m x 1.65m), buscou-se otimizar a relação entre a refrigeração, o preparo e a cocção através da disposição em "L", em que a bancada é liberada ao máximo pelo conjunto aéreo de acessórios. Por fim, com a intenção de ampliar a sensação de fluidez e continuidade entre os espaços, optou-se pela aparência da laje maciça de concreto nos ambientes integrados e pelo piso monolítico em microcimento por todo o apartamento.