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Arquitetos: Carles Enrich Studio
- Área: 832 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Adrià Goula

Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto está localizado em um lote estreito e de dimensões reduzidas, anteriormente ocupado por uma pedreira, no limite do município de Palma, Espanha. Com o objetivo de completar o tecido urbano irregular e responder à emergência climática, a proposta prevê a construção de onze moradias que se integram ao local, adaptando-se às preexistências.

A decisão de separar o edifício da empena e preservar os restos geológicos existentes define uma estratégia dupla na forma do projeto: por um lado, as fachadas externas apresentam um volume compacto e regular orientado para o sudeste, enquanto a fachada interna recua, evitando a ocupação máxima permitida. Esta configuração volumétrica melhora o comportamento passivo do edifício ao gerar sombras e pátios de superfície variável que oferecem multiplicidade de espaços externos associados às moradias.

As moradias no térreo contam com pátios com pavimento permeável, enquanto as moradias do primeiro andar dispõem de terraços. As unidades residenciais são projetadas sob um conceito espacial não hierárquico, eliminando áreas de circulação e maximizando a superfície útil. Foram definidas três tipologias básicas (de um, dois e três dormitórios), com diferentes variações que permitem adaptar-se às preexistências. As moradias se configuram como variações de um sistema habitacional não hierarquizado que elimina os espaços de circulação, maximizando a superfície de uso.


O projeto contempla três tipologias base (um, dois e três dormitórios) com diferentes variações que permitem adaptar-se às preexistências. A proposta prioriza a versatilidade e a convertibilidade, permitindo que a maioria dos espaços tenha usos intercambiáveis, exceto as cozinhas, que são localizadas ao lado dos banheiros para minimizar a extensão das instalações.


Adaptação à mudança climática. As moradias são projetadas para se adaptar à mudança climática por meio de estratégias passivas próprias da arquitetura vernacular. Garante-se a ventilação cruzada em todos os ambientes através de aberturas em fachadas opostas e claraboias nas escadas que atuam como coletores solares e dissipadores térmicos. O recuo volumétrico na fachada oeste ajuda a sombrear as moradias em sua orientação mais desfavorável.


Os jardins drenantes no térreo e o uso de vegetação nativa de baixa demanda hídrica permitem uma redução da temperatura ambiental. A água da chuva é coletada em um tanque para reutilização na irrigação.


A disposição das aberturas e a reduzida profundidade dos espaços internos diminuem significativamente a necessidade de iluminação artificial e otimizam a gestão dos ganhos solares ao longo do ano. A fachada é revestida com um reboco de cal (jabelga) que garante a impermeabilização e o selamento das juntas. Sua cor branca, juntamente com os elementos salientes da fachada, minimiza o superaquecimento da envoltória.

Por fim, uma galeria subterrânea percorre a parte central do edifício facilitando a manutenção das instalações e funcionando como um sistema de refrigeração passiva. Este conjunto de estratégias reduz a demanda energética do edifício e elimina a necessidade de sistemas de climatização artificial, com a exceção dos ventiladores de teto que reforçam a convecção natural.

Economia construtiva. O projeto propõe uma padronização de soluções construtivas e dimensões facilitando sua construção por meio da pré-fabricação de alguns elementos, como as lajes de madeira. A seleção de materiais responde a critérios de proximidade, durabilidade, eficiência econômica e baixo impacto ambiental.


A estrutura é composta por paredes de blocos cerâmicos formando uma malha de espaços iguais de 10 m2 e alguns espaços técnicos que abrigam as escadas, banheiros e chaminés solares. A alvenaria incorpora perfurações verticais preenchidas com terra proveniente da escavação para melhorar a inércia térmica e o isolamento acústico entre empenas.

As lajes pré-fabricadas são apoiadas sobre uma viga perimetral de madeira laminada, que resolve as vergas dos vãos interiores e das aberturas na fachada, permitindo a desmontagem a seco e a futura reciclagem de todas as divisórias horizontais. Uma camada de compressão de 5 cm e um pavimento de concreto polido completam a laje, garantindo o isolamento acústico entre andares.


Cada moradia possui acesso direto da rua, transformando o edifício em uma série de casas geminadas, eliminando a necessidade de elevadores e favorecendo um modelo habitacional eficiente e sustentável.
