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Arquitetos: Cidade Branco Arquitectos
- Área: 240 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:David Pereira
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Fabricantes: Azulcer, Cantinho do Vintage, Viúva Lamego, aNeves

Descrição enviada pela equipe de projeto. Esta casa é o resultado da reabilitação de um edifício do séc. XIX, que foi outrora o posto de Correios da vila de Luso. Tendo como uso principal serviços, mas contendo também um espaço habitacional que era destinado ao diretor local dos Correios (CTT). O edifício caracterizava-se por uma construção em tabique e detalhes de carpintaria que se destacavam, sendo provido de um desvão sanitário (caixa de ar) que o protege de humidades e que ajudaram a conservar as madeiras originais.


O edifício é provido de uma fachada de desenho simples e tradicional e marca o eixo principal desta vila, ao criar uma simetria entre dois outros edifícios de carácter público (a Junta de freguesia e o Posto de Turismo). De forma a não descaracterizar a entrada característica que o marca, para tornar um edifício que era público em privado, optou-se por continuar o desenho da guarda envolvente do terreno e inspirados nisso desenhámos o portão que queríamos que parecesse que sempre ali esteve.

É o respeito pelo edifício e de certa forma o fascínio pelos seus pormenores que dita a estratégia do projeto. No exterior as alterações são mínimas e a imagem do edifício mantém-se, agora de "cara lavada", há uma simplificação do desenho dos caixilhos de forma a termos uma maior área de vidro e mais luz natural. É no interior, através de um só gesto, que todo o projeto acaba por se resolver.

Com a criação de um vazio ao centro da planta, uma zona de duplo pé direito que liga os dois pisos de forma generosa e traz uma nova espacialidade. Este gesto ajuda-nos a destacar os pormenores de carpintaria que o edifício já tinha, nomeadamente as asnas em madeira que suportam o telhado que estavam escondidas com um teto falso que optamos por tirar e através do vazio criado passam a fazer parte dos vários espaços. Este vazio também traz valências a nível térmico, ao criar o chamado "efeito chaminé" que ajuda na ventilação natural do espaço, na sua refrigeração e também no aquecimento ao ser necessário menos gasto de equipamentos para aquecimento da casa.



A casa acaba por acontecer em torno deste vazio, onde a nível de rés-de-chão entramos para um espaço amplo com os diferentes espaços sociais, nomeadamente sala de estar, sala de leitura, sala de refeições e cozinha, e onde temos ainda um quarto acessível. Ao nível do primeiro piso o vazio divide a planta e "dá-nos" uma suite para cada um dos lados de forma simétrica, deixando espaço para uma zona de escritório aberta que comunica com a zona de duplo pé-direito. Nas duas suites a porta para a casa de banho é camuflada nas portas do roupeiro escondendo o acesso à casa de banho.


Houve um restauro minucioso das madeiras, nomeadamente rodapés, portadas e a guarda das escadas - temos um ambiente que é marcado pela madeira ao tom natural e pelo branco linho das paredes. Trazemos a cor propositadamente através da composição de azulejos em tom "verde garrafa" da cozinha, que trás contraste, cor e brilho. Destacamos também o uso da pedra mármore Extremoz, nas casas de banho com colocação "em livro" e na bancada da ilha da cozinha. Um projeto que acima de tudo tentou tirar partido e dar destaque à beleza que o próprio edifício já tinha.
