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Arquitetos: Estudio ODS
- Área: 190 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Frederico Martinho

Descrição enviada pela equipe de projeto. A intervenção está localizada na Rua João da Rosa, no prédio no. 1, uma estrutura que originalmente fazia parte de um grupo de cinco edifícios construídos no início do século XX para abrigar fábricas de conservas de peixe. Essas fábricas estavam estrategicamente localizadas na periferia do núcleo urbano, em uma área espaçosa com acesso conveniente à linha férrea, atendendo às crescentes demandas da indústria de conservas, particularmente durante as duas guerras mundiais. Com o tempo, à medida que a atividade industrial se intensificava, surgiram moradias para trabalhadores nas proximidades, transformando gradualmente a área circundante em um bairro residencial. Após o declínio do setor de conservas na década de 1970, quatro dos edifícios originais foram demolidos e substituídos por estruturas residenciais.


No local da fábrica remanescente, recebemos a tarefa de projetar uma residência. Tendo em vista a construção robusta do edifício original e a importância de preservar sua memória histórica, optamos por manter todo o perímetro e o envelope volumétrico, integrando o programa doméstico à estrutura industrial existente. No lado norte, a fachada foi cuidadosamente preservada, mantendo suas aberturas características com estrutura de pedra. Novas molduras de janelas foram instaladas e um pigmento amarelo foi introduzido para destacar a transformação da função do edifício.




Na parte interna, foi desenvolvido um novo volume arquitetônico, com base na forma de empena da estrutura industrial original. As intervenções espaciais incluíram subtrações estratégicas para formar dois pátios distintos que aprimoram a funcionalidade e a qualidade espacial da residência. O pátio de entrada funciona como um espaço de transição entre a calçada pública e o domínio privado, servindo como uma antecâmara que faz a mediação entre o exterior e o interior, ao mesmo tempo em que promove a ventilação cruzada e a iluminação natural. Em contraste, o pátio central maior ao sul torna-se o principal espaço externo da casa, beneficiando-se de suas proporções generosas e da orientação solar favorável. Esse pátio estabelece uma conexão direta com a sala de estar e a cozinha, garantindo condições de vida ideais dentro do quarteirão urbano fechado.



Do pátio no térreo, uma sequência de terraços conduz para cima, permitindo o acesso à cobertura e reforçando a interação entre os espaços internos e externos. Dentro do pátio, um pequeno tanque de água e plantas trepadeiras acrescentam profundidade sensorial, criando uma atmosfera de calma e reflexão. O som da água e seus reflexos reluzentes contribuem para um ambiente tranquilo, enquanto o jogo de luz e sombra, moldado pela vegetação e pelos elementos arquitetônicos, anima o espaço com uma qualidade dinâmica que evolui ao longo do dia.



As escolhas de materiais foram orientadas pelo desejo de manter a harmonia entre os elementos antigos e novos. A alvenaria de pedra original foi deixada exposta, celebrando sua textura e história, enquanto os materiais recém-introduzidos, como reboco de cal pigmentado natural, piso de terrazzo, pedra natural e concreto aparente, proporcionam um contraponto contemporâneo.
