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Arquitetos: Amelia Tavella
- Área: 1700 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Thibaut Dini

Descrição enviada pela equipe de projeto. A arquiteta Amelia Tavella recentemente revitalizou um antigo castelo esquecido em sua terra natal, situado em meio a um vinhedo provençal. No volume central do castelo, com 1.600 m², foi criado um espaço único e envolvente, cercado por uma dúzia de suítes exclusivas distribuídas pelas duas alas da construção.


O espaço de exibições, assim como as suítes, imerso no espírito mediterrâneo, é descrito como "um caminho sob as alcovas". "Aqui, a matéria mineral e orgânica pulsa. Cortado, vermelho, escavado, este material se assemelha à carne. É nu, talhado e cru. Esta pele é oferecida à mão que a acaricia. Poderia estar viva e pulsando diante de nossos olhos. Poderia se mover e nos abraçar. Paredes e pisos não se chocam; eles se observam, se estendem e dialogam sobre a obra. Entre tijolos de terracota e pedras de acabamento lascado, o caminhante solitário percorre uma caixa de joias, observando e, por sua vez, sendo observado. O poder dos espaços existe. Ele acolhe e protege aqueles que compreendem a poesia da arquitetura quando construída em nome da memória. E se a pedra cortada evocasse os menires dedicados ao céu? E se as abóbadas e a disposição dos cômodos delineassem a geografia de um espaço sagrado, outrora destinado à oração? E se o labirinto de paredes fosse o de uma mitologia ressurgida?"

Este lugar expressa o gesto arquitetônico ligado à sensualidade de materiais nobres e naturais e ao respeito pelo passado. A natureza é sempre convidada, tanto como elemento de decoração quanto como testemunha das origens; ela honra os edifícios que estão dentro dela e vice-versa. A arquiteta escolheu a suavidade e a poesia para seu gesto, nunca esquecendo que os edifícios são, antes de tudo, destinados àqueles que neles viverão. Aqui, a arquitetura não é uma prática solitária; é dedicada aos outros, ao coletivo, inserida em um território imutável.



"Quando eu construo, não desfaço. Não há traição. Prossigo pela inclusão. A natureza invade meus projetos. Não é um obstáculo nem uma limitação; é minha convidada que eu celebro. O Mediterrâneo é minha matriz. Eu venho de lá, deste lugar único. Filha do maquis e das areias, aprendi a complexidade da minha profissão arquitetônica ali. Mar, rocha, praia—minha feminilidade abraçou a feminilidade deste mar, trabalhando delicadamente, inspirando-me nos sedimentos, matéria macia e original. Minha ilha mediterrânea me ensinou luz, cor, lembrando-me constantemente que não há criação válida sem ética e que a história é o berço do presente. É um eco, então, uma fusão. Uso os materiais do meu sul para fazê-los renascer em si mesmos a cada vez. Uma única palavra abrange e dá impulso ao meu desejo de arquiteta: ética. Assim, minha abordagem artística é construída, conectada às minhas raízes, à origem."

Além disso, um cômodo "romântico" foi necessário para acolher, por uma noite, os desenhos da escritora Nina Bouraoui, Seus vastos corações desconstruídos, compostos de finas linhas entrelaçadas refletem as obsessões, repetições, derrotas e vitórias que envolvem o romance.
