

Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa Koba está situada em Gonçalves, no sul de Minas Gerais, dentro da Serra da Mantiqueira, conhecida pelo clima frio de altitude. O terreno, localizado a 1.450 metros acima do nível do mar, possui um declive acentuado e 3,7 hectares de área. Por já termos desenvolvido um projeto no terreno vizinho, conhecíamos bem as condições locais, incluindo as restrições logísticas, a disponibilidade de mão de obra e as particularidades climáticas. Desde o início, decidimos, junto aos clientes, utilizar mão de obra local. O empreiteiro, por exemplo, residia no mesmo bairro da construção. Antes de iniciar o projeto, analisamos quais técnicas construtivas eram mais familiares à equipe, com o intuito de criar algo que respeitasse o vocabulário técnico local, mas sem replicar um desenho já conhecido.



Inicialmente, havia a sugestão de construir no pequeno platô natural próximo à estrada de acesso. No entanto, após estudos de insolação, constatamos que essa área seria sombreada durante toda a tarde no inverno, por conta de uma montanha próxima. Optamos, então, por outro ponto no terreno, mais distante do raio de influência da montanha e com um declive não tão acentuado. Consideramos a ausência de árvores na área e o enquadramento visual das montanhas no horizonte, especialmente a Pedra do Baú, localizada em São Bento do Sapucaí.



A casa foi organizada em quatro blocos funcionais. O primeiro bloco abriga os espaços íntimos da família: a suíte do casal, a sala de TV, que também serve como entrada secundária pela garagem, e a suíte dos filhos. O segundo bloco foi destinado às suítes de hóspedes. O terceiro bloco, de caráter mais leve e integrado, une os dois anteriores e concentra as áreas de convivência: sala de estar, cozinha interna e externa, e uma ampla varanda frontal. O quarto bloco, no nível inferior, inclui garagem, depósito, banheiro, adega e academia. Como síntese conceitual, temos um plano de madeira pousando gentilmente em dois blocos de argila afastados entre si.

Como se o próprio espaço entre os blocos privativos criasse o estar social, que, para além de definições programáticas, geometricamente resulta na interseção, ou seja, o encontro. Um ponto de destaque da casa é o grande forro curvo de madeira do bloco social, que cria a sensação de se estar dentro de um estaleiro, como se observássemos o casco de um barco suspenso. Projetamos as treliças metálicas uma a uma para criar esse efeito, além, é claro, de cumprir a função estrutural de pórtico econômico entre os pilares de madeira. O sistema construtivo é misto, composto por estrutura de madeira, treliças de aço, alvenaria estrutural cerâmica e concreto armado. A materialidade da casa destaca o uso de madeira e cerâmica, refletindo os princípios da biofilia na escolha de materiais naturais que nos conectam com o tempo e com a vida.
