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Arquitetos: Kong Xiangwei Studio
- Área: 50 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Arch Translator
Descrição enviada pela equipe de projeto. Contexto Multidimensional: Um Refúgio Oculto – Escondida entre as montanhas Wuliang, a Vila Yanzitou abriga seis grupos étnicos (Han, Yi, Bai, Dai, Li e Hani) e enfrenta o paradoxo do declínio rural em meio a uma paisagem intocada. Com apenas 71 famílias, a vila vê sua população envelhecer enquanto os jovens partem em busca de trabalho. Mas, nos fins de semana, o silêncio dá lugar à vida: as crianças retornam das escolas da cidade e enchem a praça ao lado do museu histórico com brincadeiras e risadas. Nesse cenário, a casa de livros surge como um elo entre passado e futuro. Construída em um estreito terreno rochoso entre duas moradias antigas e sombreada por uma frondosa árvore de uva-passa, ela é ao mesmo tempo um portal para o futuro centro comunitário e um símbolo da revitalização rural.
Simbiose com a Natureza: Diálogo com a Árvore de Uva-Passa – Com desafios de tempo, espaço e a necessidade de preservar a árvore centenária, o projeto adotou uma abordagem flexível e intuitiva. Em colaboração com artesãos locais, barras de aço nervurado de 12 mm foram moldadas em arcos que imitam galhos, estendendo-se do telhado para formar um dossel duplo com a copa da árvore. No lugar dos tradicionais materiais de palha e terra, optou-se por abóbadas de concreto moldado, garantindo durabilidade sem perder a essência dos antigos abrigos. Os telhados circulares sobrepostos, inspirados nos cogumelos nativos da região, adicionam um toque lúdico à arquitetura, reforçando o diálogo entre a estrutura e a natureza ao seu redor.
Imperfeição Artesanal: Materialidade Rústica – A estética do projeto valoriza a autenticidade do trabalho manual, rejeitando acabamentos polidos em favor do concreto bruto. As imperfeições da construção foram cuidadosamente refinadas, conferindo ao espaço uma textura tátil—rústica, mas sofisticada—que se integra à linguagem vernacular da vila. Essa escolha não apenas reforça a identidade local, mas também celebra a beleza da imperfeição artesanal.
Luz como Narrativa: Um Teatro Dinâmico – A luz natural atravessa aberturas deixadas na árvore preservada, um óculo central e os vãos das escadas, projetando padrões que mudam ao longo do dia. As colunas arqueadas de aço criam sombras que se espalham como galhos, enquanto estantes semiesféricas—feitas de hastes de aço de 6 mm e revestidas com painéis acrílicos translúcidos e coloridos—transformam a luz em reflexos caleidoscópicos. No centro do espaço, uma parede curva inclinada serve como assento, convidando as crianças a se deitar e observar o espetáculo da luz em movimento. Assim, a casa de livros se torna um "teatro vivo", onde arquitetura e tempo se entrelaçam.
Drama Espacial: Um Labirinto Lúdico – O telhado em forma de cogumelo assume diferentes formas dependendo do ângulo: visto do beco leste, lembra a aba de um chapéu; de cima, revela um rosto lúdico. O espaço interno, com layout aberto e caminhos ascendentes, conduz ao terraço, onde as crianças podem interagir com a árvore de uva-passa, colher seus frutos ou simplesmente contemplar a copa da floresta ao redor. À noite, iluminada como um OVNI flutuante, a estrutura se transforma em um marco fantástico na vila, um ponto de encontro onde imaginação e realidade se misturam.
Memória Intergeracional: Uma Cápsula da Vida Rural – A casa de livros se insere naturalmente na rotina da vila, tornando-se um espaço de convivência entre gerações. Ao amanhecer, o senhor Yang, de 93 anos, aguarda o nascer do sol no pavilhão vizinho enquanto as crianças começam a ler. Ao meio-dia, os idosos jogam cartas enquanto os pequenos exploram as prateleiras. No fim da tarde, Yang busca sua neta na escola, e juntos permanecem sob o telhado em forma de cogumelo, compartilhando momentos que atravessam o tempo. Essas cenas do cotidiano transformam o espaço em uma "cápsula do tempo", onde memórias e identidade local são cultivadas e preservadas.
Conclusão: Um Veículo de Continuidade Cultural – Mais do que uma construção, a casa de livros representa a resiliência cultural da vila. Conectando tradição e modernidade por meio dos materiais, fortalecendo os laços entre o individual e o coletivo, ela ressignifica o espaço rural como um território de possibilidades. Aqui, a nostalgia não é uma simples lembrança do passado, mas um impulso para o futuro—enraizada na herança cultural, mas sempre em expansão, como os galhos da árvore que a abriga.
