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Arquitetos: Estudio Guto Requena
- Ano: 2025
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Fotografias:Renata Freitas
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Fabricantes: Composta Marcenaria, Gaya, Suvinil

Ancestral Digital: Design na Era do Caos Climático.
Num futuro repleto de dúvidas, a única certeza que temos é que o caos climático será pior e muito mais rápido do que imaginávamos. Aquecimento do planeta, queimadas, poluição, enchentes, migrações em massa, subida do nível do mar, polarização da política, diminuição drástica da biodiversidade e guerras são alguns dos imensos desafios que iremos enfrentar.

Como o design pode ser uma ferramenta fundamental para nos amparar? Para buscarmos respostas é preciso ouvir atentos à sabedoria ancestral. Neste horizonte de caos climático é urgente olhar para o mundo sob novas perspectivas. Perceber nosso ambiente construído, nossos modos de vida e nossa sociedade através de lentes diferentes das que normalmente utilizamos no mundo ocidental, orientados fundamentalmente pela herança patriarcal, binária, monoteísta, classicista e orientada pelo privilégio da branquitude. É preciso decolonizar nossos pensamentos e nossa maneira de perceber o mundo, o que certamente inclui nossa forma de fazer design na atualidade.

O uso de novas tecnologias digitais, especialmente nas últimas duas décadas, vem revolucionando o design, como a revolução da impressão 3d, o uso de algoritmos para simular condições estruturais, sistemas de análise que contribuem na redução de impactos ambientais e o recente uso de Inteligência Artificial como ferramenta de criação. É interessante perceber que, simultaneamente, nos mesmos últimos vinte anos, assistimos um crescente interesse pela sabedoria indígena e quilombola, e sua cosmovisão de mundo, intrinsecamente conectados com a natureza e a inteligência mais que humana. Existe algo absolutamente inédito e permeado de potencialidades, na união do recente conhecimento técnico trazido pela cultura numérica, com o saber ancestral.



Para a terceira edição da Casa Somauma, durante o DWSP 2025, proponho uma imersão, permeada de investigações, realizada por um grupo muito especial de profissionais, que questionam aqui qual o papel do design de produto na atualidade. Objetos cotidianos, novas tecnologias e materialidades, valorização do artesanal, impressão 3d, biomateriais e a busca por um design que trate de futuros possíveis na chamada Era do Antropoceno. Para refletir, incomodar, fazer sorrir, suportar o corpo e atividades cotidianas, gerar empatia e, o mais importante, nos estimular a pensar de modo coletivo, levando em conta um mundo composto por nós, por outros seres vivos, pelas florestas, rios e oceanos, mas, também, pelas máquinas e a Inteligência Artificial, para que sim, exista esperança no amanhã.
