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Arquitetos: ARX Portugal Arquitectos
- Área: 1200 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG

Descrição enviada pela equipe de projeto. A casa define-se como um volume matérico e tectónico, de geometria facetada e articulada, fortemente agarrada ao terreno. Apesar de se encontrar a meia encosta, está implantada numa situação de festo, desfrutando por isso de uma relativa sensação e domínio visual sobre a paisagem.


Conceptualmente evoca a presença tutelar das edificações defensivas que pontuam esta zona da costa, fortes, baluartes e torres de vigia, que pontuam o território mais alargado em que esta a casa se insere e que de alguma forma respondem a uma estreita relação de vigília entre a terra e o mar.


Estas construções antecedem frequentemente assentamentos urbanos posteriores, mais abrangentes. Refletindo as características dos seus territórios específicos, as formas destas estruturas defensivas são variadas, desde as plantas quadrangulares às configurações estrelares, oscilando entre plantas mais idealizadas ou desenhos adaptados ou híbridos. Em todos os casos são estruturas que implantam uma estratégia morfológica de dissimulação ou fusão na paisagem.

É neste contexto de enquadramento físico e conceptual que a casa adopta uma morfologia estrelar polifacetada, de expressão predominantemente opaca, apesar dos seus generosos vãos reentrantes. O volume será assim construído em betão aparente, de incorporação pigmentada verde. Como um artefacto que pertence ou nasce da terra. Em simbiose e não em oposição como é mais comum nas construções residenciais. A sua percepção física no terreno será por isso de plena integração.


A cobertura é ajardinada e vem completar esta ideia de pertença, para além de gerar literalmente um novo território de usufruto da paisagem para além do próprio espaço-terreno, que entretanto define e propicia. Idealmente, com as novas ferramentas digitais, i.e. google earth e outros dispositivos de visão aérea, não será fácil encontrá-la.


Dada a exigência das condições climatéricas nesta zona do Guincho, o volume da casa é escavado no seu interior, definindo dois grandes pátios no coração da casa. Esta opção pretende capturar para o seu epicentro um importante fragmento de espaço natural, em torno do qual a vida se articula e desenrola, mas já numa condição protegida dos ventos agrestes de noroeste e serenamente aberto ao sul. Os afloramentos rochosos são naturalmente integrados e a vegetação é extraída da flora autóctone como que em continuidade vegetal com o terreno. As suas paredes de contorno são integralmente vidradas, para propiciar essa convivência com o natural, e os pavimentos e paredes interiores viradas para os pátios são em madeira aparente, dando expressão mais plena a este contexto.
