
-
Arquitetos: Rómulo Neto Arquitetos
- Área: 375 m²
- Ano: 2024
-
Fotografias:Ivo Tavares Studio
-
Fabricantes: MWT Metalworking Technologies, Pavidren, R6 Living

Descrição enviada pela equipe de projeto. A autarquia desafiou-nos a projetar uma nova travessia pedonal e ciclável entre as margens de Vagos e Sousa. A antiga ponte, construída a 27 de junho de 1855 e encerrada em 1978, encontra-se atualmente em ruínas e deve ser preservada como parte integrante da paisagem e da memória histórica do local. Contudo, conscientes de que as ruínas podem eventualmente desaparecer com o tempo, o principal desafio consistiu em conceber uma ponte "museu" que valorizasse a estrutura existente, mas que, simultaneamente, tivesse uma identidade própria e fosse capaz de perdurar e funcionar de forma autónoma no futuro.



Após análise e estudo das possíveis soluções para o local, identificámos que uma travessia em curva e contracurva seria a opção ideal, pois permitiria uma interação visual contínua com a ruína ao longo do percurso. A nova ponte foi concebida como uma verdadeira "ponte-museu", proporcionando uma experiência única: a visão da ruína é permanente enquanto esta existir, sendo possível apreciá-la tanto durante a travessia.


Optámos por uma abordagem com linguagem limpa, utilizando materiais com cores e texturas que dialogassem com o meio envolvente, como o aço corten e a madeira. A organicidade da forma foi um elemento essencial para minimizar o impacto visual da estrutura na paisagem, assegurando que a nova ponte se integre harmoniosamente no ambiente natural, mesmo sem a presença futura da ruína.


Dado que o orçamento da obra não poderia exceder 180.000 € + IVA, tivemos de encontrar soluções que fossem simultaneamente funcionais e económicas. Assim, o método construtivo foi concebido para otimizar recursos: a ponte foi projetada em cinco partes, com cada segmento não excedendo 14 metros de comprimento. Esta abordagem eliminou a necessidade de transporte especial, reduziu custos logísticos e permitiu uma montagem ágil e eficiente no local. Além disso, a escala foi cuidadosamente ajustada ao programa, garantindo uma largura mínima de 2,50 metros para acomodar tanto a pista ciclável como o tráfego pedonal.




Nas transições das rampas da ponte, foram criados espaços de lazer com áreas planas, onde instalámos bancos. Estes espaços proporcionam pontos de descanso, locais para pesca e a oportunidade de apreciar a vista, tornando a travessia não apenas funcional, mas também um local de convivência e contemplação. O volume da ponte apresenta-se de forma subtil, sem interferir na paisagem envolvente. A implantação da estrutura evoca as ondulações e curvas características do ambiente marinho, posicionando-se estrategicamente para se integrar visualmente com a ruína existente. Contudo, a nova ponte foi pensada para ser independente, garantindo que a sua relevância e funcionalidade permaneçam intactas mesmo na ausência futura da ruína, perpetuando o seu valor enquanto elemento de ligação, experiência e design.
