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Arquitetos: buck&simple
- Área: 680 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Prue Ruscoe
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Fabricantes: Agape, Allied Maker, Autodesk Revit, Briggs Veneers, Brodware, Criteria, Earp Bros, Earth Structures Group, Liebherr, Miele, Modinex, Real Flame

Descrição enviada pela equipe de projeto. Nomeada em homenagem à figueira centenária tombada como patrimônio e concebida ao seu redor, a Casa Figueira é uma residência integrada ao seu entorno. Discretamente posicionada no fim de uma rua sem saída no bairro costeiro de Rose Bay, em Sydney, a topografia do terreno culmina em vistas diretas para o porto e a cidade ao fundo.

A resolução de um projeto altamente complexo e o processo de aprovações dependeram de uma abordagem colaborativa para se concretizar. A partir da base de uma forma curva e planar projetada pelo escritório Luigi Roselli Architects, nosso foco esteve na materialidade, na concretude e nos detalhes. Como arquiteto principal, o escritório buckandsimple trabalhou em conjunto com a equipe de interiores do Atelier Alwill e os arquitetos paisagistas Dangar Barin Smith, refinando os processos de projeto e construção. Parte essencial dessa obra singular foi um projeto focado no cliente, que confiou à equipe a missão de atender ao seu briefing e entregar uma residência familiar verdadeiramente sob medida, equilibrando elegância e resiliência.





Partimos de conceitos iniciais inspirados na estética brasileira de meados do século XX, buscando definir um espaço de convivência ao ar livre moldado por materiais robustos. No teto, o concreto aparente com marcas de fôrma em tábuas contrasta com volumes perpendiculares de marcenaria em nogueira-americana, que emolduram e conduzem a experiência para o exterior e a paisagem cultivada ao redor. Os amplos espaços de convivência em planta aberta são organizados em núcleos funcionais que se desdobram em torno de um pátio central. O pavilhão principal é dominado por uma bancada de cozinha em peça única de aço inox e um bloco monolítico de madeira — um ponto de convergência física e cultural. Do lado oposto, uma sala rebaixada se torna o espaço central para sentar, relaxar e compartilhar.


As linhas contidas da marcenaria disfarçam o programa complexo oculto por trás. Áreas de serviço, equipamentos, quarto de hóspedes e lavabo permanecem discretamente escondidos, permitindo que o programa principal seja percebido de forma contínua. Para romper com a formalidade do projeto e a abordagem minimalista e contida, buscamos inserir detalhes e repetições táteis de materiais. A porta de entrada em bronze gravado, a escada curva e esquelética do hall, a lareira aberta com estrutura metálica, o sofá rebaixado costurado à mão, as luminárias sob medida e a marcenaria flutuante diante das esquadrias esbeltas — cada elemento encapsula a função de um espaço: acolher, recolher, reunir, conversar, alimentar e trabalhar.

Desde o início, era essencial para os clientes que a casa resistisse ao tempo e envelhecesse com beleza. Equilibrando estética e desempenho, demos atenção cuidadosa à escolha dos materiais e aos detalhes específicos de sua aplicação. Pesquisamos e trabalhamos em estreita colaboração com os fornecedores, com foco no acabamento das madeiras, nos revestimentos protetores duráveis e na preferência por metais não ferrosos nas áreas externas. O resultado foi um fio condutor presente em toda a casa. Detalhes refinados em latão envelhecido criam pontos de destaque, contrastando com planos de concreto bruto, paredes de terra compactada e faixas de branco puro, equilibradas pelo calor suave da madeira. Destinada a adquirir pátina com o tempo diante da figueira que lhe dá nome, a casa exala ares de propriedade, confortável em seu papel de lar familiar e refúgio diante da cidade agitada que se estende além.
