Menção Honrosa no Concurso Think Space: MONEY - Culture and Society / Diego Fagundes, Erica Mattos e Romullo Baratto

O organização Think Space, com sede em Zagreb, Croácia, se dedica, dentre outras coisas, a organiza competições de arquitetura que visam expandir as noções tradicionais da disciplina. No ano passado a organização promoveu um ciclo de três competições organizadas por Ethel Baraona Pohl e César Reyes Najera sobre o tema "Money" (dinheiro), cada uma com um subtema a ser explorado: Territórios; Cultura e Sociedade; e Meio Ambiente.

Apresentamos a seguir o projeto hack[PUBLIC SPACE], de Diego Fagundes, Erica Mattos e Romullo Baratto, do Estúdio Colaborativo Nimbu, premiado com Menção Honrosa na competição Money - Culture and Society, que teve como jurado o atual Curador de Arquitetura e Design do MoMA, Pedro Gadanho.

DINHEIRO
O dinheiro é um instrumento de construção humana, criado para facilitar as trocas, principalmente as trocas de bens e serviços. De uma forma mais simples, estas trocas existem muito antes da criação do dinheiro. Portanto, o dinheiro é um sistema de informação, uma criação cultural e não uma forma natural, embora às vezes o vejamos dessa maneira.

O sistema financeiro apresenta algumas especificidades que muitas vezes são entendidas como efeitos colaterais: crises, hiperinflação, bolhas imobiliárias, para nomear algumas. Esses são, no entanto, efeitos inerentes que estão no cerne do próprio sistema monetário. Cabe pensar como através dos novos instrumentos e fluxos disponíveis para nós pela “era da informação” podemos retomar os tempos antes do dinheiro e repensar a forma como os nossos recursos podem ser trocados de forma mais ética e frutíferas.

Courtesy of Equipe do projeto

TEMPO
Em um mundo governado pelo dinheiro estamos acostumados a avaliar todas as coisas quantitativamente. O tempo de todas as pessoas é uma daquelas coisas que normalmente são associadas a um valor monetário. É tanto mais valioso quanto mais alto é o grau de especialização do trabalhador e o valor de mercado do que ele/ela produz. Costumamos afirmar que “tempo é dinheiro” para justificar a nossa incapacidade em deixar este sistema para trás e olhar para outras possibilidades. Mas o tempo é algo dividido igualmente por todos nós. Todos temos, enquanto vivemos, o mesmo tempo, 24 horas por dia. Este tempo poderia ser a base de um novo tipo de troca?

Através da internet é possível agendar atividades nas plataformas. Image Courtesy of Equipe do projeto

ESPAÇO
O dinheiro faz as cidades. Nossas áreas urbanas são reflexos espaciais do capital, ou seja, o dinheiro flui de acordo com as tendências econômicas que moldam assim os espaços públicos e privados. Poderíamos então facilmente pensar em nossas cidades como um conjunto antiético de espaços públicos e privados.
Neste cenário, os espaços públicos são muitas vezes negligenciados, tornando-se uma consequência direta de mecanismos brutais de especulação imobiliária. É possível subverter essa lógica e de alguma forma invadir e retomar nossos espaços públicos?

Localização. Image Courtesy of Equipe do projeto

PROPOSTA
Não precisamos, contudo, destruir o velho sistema, mas a pensar em como podemos redirecionar alguns fluxos e impulsionar outros em direção a um objetivo mais desejável e justo. Propomos o uso de uma abordagem hacker para intervir neste complexo sistema que é a cidade, construindo sobre ele com recursos disponíveis, como as pessoas, seu tempo e o próprio espaço público.

Isométrica da proposta no centro de Florianópolis. Image Courtesy of Equipe do projeto

Atualmente, amigos e conhecidos já realizam trocas de favores na forma de tempo, produção ou mesmo serviços. Isto é feito de forma independente de qualquer sistema de organização comercial. Mas essa falta de organização torna impossível que esta rede informal se desenvolva em uma escala maior. Uma rede mais ampla pode criar uma alternativa viável para muitas das trocas que fazemos através do sistema monetário – agora por meio da liberdade promovida por nosso tempo auto-organizado. Tempo não é dinheiro, tempo é a nossa vida.

Produção das plataformas. Image Courtesy of Equipe do projeto

Para permitir qualquer forma de atividade precisamos ocupar espaço. A cidade possui esse espaço. Como nosso tempo livre/produtivo pode se relacionar dessa forma com a cidade? O espaço público urbano deve ser a base para uma nova plataforma capaz de catalisar os intercâmbios culturais entre as pessoas.

Montagem das plataformas. Image Courtesy of Equipe do projeto

Propomos a criação de: uma nova forma de moeda, diretamente associada com o tempo, uma forma de estimular o intercâmbio social entre as pessoas e a cidade, uma plataforma digital para mediar este novo relacionamento, e uma plataforma física para suportar todas as atividades a elas dar sentido. O tempo doado ou recebido por alguém é contabilizado pelo sistema digital e pode ser trocado em cada uma das plataformas físicas que compõem também um sistema espalhado pela cidade.
Podemos promover um hackeamento coletivo da cidade e das relações entre as pessoas, uma nova camada de abstração que agora está disponível para que possamos gerar novos entendimentos e possibilidades.

Courtesy of Equipe do projeto

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Cita: Romullo Baratto. "Menção Honrosa no Concurso Think Space: MONEY - Culture and Society / Diego Fagundes, Erica Mattos e Romullo Baratto" 08 Mai 2014. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/601522/mencao-honrosa-no-concurso-think-space-money-culture-and-society-diego-fagundes-erica-mattos-e-romullo-baratto> ISSN 0719-8906

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