- Ano: 2006
Descrição enviada pela equipe de projeto. O pintor norueguês Harald Sohlberg (1869-1935) passou vários anos na montanha Rondane fazendo estudos para sua obra mais famosa, "Noite de Inverno nas Montanhas". O motivo foi a somatória de croquis desde vários pontos de vista. A posição mais conhecida estava próxima de onde hoje se construiu o mirante.
A silhueta escura dos pinheiros em primeiro plano é uma qualidade importante da pintura, já que emoldura a quase luminescente paisagem de inverno. Também hoje, o local possui uma certa qualidade dinâmica entre a crescente densidade do bosque de pinheiros na ladeira da colina e as montanhas distantes. Essa relação converteu-se no ponto de partida para definir a geometria e a estrutura do mirante.
Muitos testes foram feitos mediante a colocação de uma escada apoiada nos troncos das árvores, tratando de encontrar as melhores vistas e espaços interessantes entre as árvores. Depois que as árvores e a topografia foram registradas digitalmente, a forma do mirante pode ser definida com precisão de tal maneira que não seria preciso cortar nenhuma árvores do local. Outro aspecto crucial do projeto foi encontrar um sistema de cimentos que não destruísse nenhuma raiz. A superfície do terreno poderia ficar coberta de neve, até uma altura de 2,7 m segundo os registros, qualquer sistema tradicional de fundações implicaria em uma escavação sustancial, e em cortar a maioria das árvores.
Nas primeiras etapas do projeto, a plataforma teria uma estrutura flexível fabricada em aço. Os pilares teriam "raquetes de neve" apoiadas sobre o solo permitindo que a estrutura se movesse junto com elevação causada pelas nevascas. O engenheiro estrutural fez provas de carga em um modelo 3D que demostraram que as curvas das vigas periféricas entrariam em colapso quando atingidas pela neve e pelo movimento do solo. A estrutura foi, então, alterada para concreto para poder estabelecer uma ligação rígida de torção entre as vigas curvas e a superfície do terreno.
A viga perimetral do mirante cumpre também a função de guarda-corpo. Ela se apoia em pilares esbeltos com núcleo de aço, que se estendem em alguns pontos para mais de 12 metros abaixo da superfície, até se fixarem nas pedras do fundo. Na superfície do mirante foram distribuídas aberturas retangulares, cobertas com uma malha metálica permeável que permite a entrada da luz do sol e da chuva no terreno. Uma escada conduz ao espaço que está abaixo do mirante e permite continuar descendo a colina até a borda do rio.
O piso possui uma inclinação quase imperceptível em direção ao lago (30 cm), conferindo uma leve sensação de ser empurrado em direção a paisagem. O percurso entre os pinheiros, desde a rodovia até a impressionante paisagem montanhosa, materializou volumetricamente através da arquitetura, a interpretação do artista. Sua visão de Rondane agora está exposta a qualquer um que a queria experimentar.