- Área: 13 m²
- Ano: 2012
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Fotografias:Leonardo Finotti
Dos arquitetos: Entendemos moradia como sinônimo de cidade, assim como a habitação em grande escala constitui a parte básica na produção da cidade.
Novos projetos devem gerar setores compreensíveis e legíveis que organizem a escala urbana enfrentando a cidade real e rejeitando formalismos heroicos.
O projeto localiza-se na zona sul do município de São Paulo, na região dos mananciais da represa Guarapiranga. A área caracteriza-se como uma região de fundo de vale com curso d’água central e encostas laterais de grande declividade totalmente ocupadas por construções precárias.
O córrego recebia, ao longo de seu percurso, os esgotos das casas que o circundam e as águas pluviais das vias que limitam suas encostas. Devido a esta ocupação irregular, a mata nativa de vegetação ao longo do curso d’água foi extinta.
A diretriz geral é criar ao longo do curso d’água existente um eixo central verde, resgatando a condição original dessa área. Outro objetivo é buscar soluções que aproveitem as nascentes de água limpa do vale, resgatando o valor da água como principal elemento paisagístico.
Este eixo caracterizado como um parque linear é o elemento que estrutura todo o conjunto das intervenções. Ele será um eixo de uso público que qualificará a área, estimulando o sentimento de identidade dos moradores com o lugar.
Para que este local tenha vida e animação é imprescindível que existam pontos de atração em todo seu percurso, induzindo as pessoas a circular, portanto serve também de acesso à maioria das habitações. Este eixo está concebido como uma centralidade na escala da região, promovendo encontros e o lazer das pessoas.
Um dos pontos de atração deste eixo foi concebido no extremo onde se localizam o campo de futebol, o clube, a associação de moradores e a Escola Estadual José Porphyrio da Paz; ou seja, este ponto já consistia em um local de encontro e de referência, que foi consolidado no projeto e nas obras.
No outro extremo da área de projeto, patamares, degraus e bancos se acomodam no terreno reafirmando, de maneira lúdica, o grande desnível topográfico existente. Anfiteatros abertos, playgrounds e pista de skate garantem animação e uma densa arborização com várias espécies darão condição ambiental adequada.
Ao longo do fundo de vale, estruturando longitudinalmente a área, está prevista uma via destinada aos veículos de manutenção e que servirá prioritariamente como passeio dentro do parque.
O projeto constrói vários “portais” aumentando o número de acessos ao parque linear, e diminuindo o isolamento do interior em relação ao seu entorno. Com o mesmo intuito incluem-se no projeto duas passarelas metálicas que conectam os dois lados da encosta passando acima do parque.
As famílias removidas do local serão relocadas para as unidades habitacionais criadas na mesma área, tendo ainda uma quantidade maior de apartamentos, que atenderá a demanda de outros setores da região, que também se encontram em áreas de risco.