Dos arquitetos: O projeto proposto representa a oportunidade de criar um espaço aberto à sociedade que transmita o carácter democrático a participativo dessa instituição. A óbvia necessidade de manter a edificação existente com o mínimo possível de intervenção – posto que se encontra em perfeito estado e representa a imagem do sindicato – serviu como pauta na definição do partido arquitetônico. Propor um desenho que conectasse o edifício existente com o novo gerando vazios de espaço público e novos eixos de circulação e articulação entre o conjunto e o bairro.
A diluição de fronteiras entre o público e o privado permite ao pedestre transitar fluidamente entre a escala da cidade e a escala local, suavizando o impacto que o bloco poderia gerar sobre o entorno imediato. O caráter do programa estimula a criação de um espaço que, apesar de privado, tenha acentuado caráter urbano e que também seja indutor do desenvolvimento do seu entorno, permitindo maior união entre o bairro residencial de Menino Deus e o comercial Azenha, assim como a desejada diversificação de usos tanto de economia quanto
da população do bairro.
Levando em conta as características do terreno dividimos o conjunto em três grandes blocos: Subsolo, Base e Torre. O subsolo supre a necessidade de vagas para estacionamento, além das instalações e serviços internos do conjunto. Logo acima do subsolo encontramos a base da edificação, um corpo que ocupa a maior parte do terreno intercalando espaços abertos e fechados e que serve como transição entre dentro e fora, entre público e privado. Este bloco faz o contato direto entre o edifício e a cidade, e nele estão dispostos os serviços de caráter mais públicos que oferece o SENGE-RS. Acima deste bloco está a torre, aonde se encontram os usos de caráter mais privativo. Esses três blocos estão claramente diferenciados em seus usos, volume e posicionamento, e permitem a construção da obra por etapas, bloco a bloco.
O bloco base está pensado como uma qualificação do espaço urbano local, dotando o bairro de uma nova praça aonde encontramos serviços e atividades independentes do funcionamento do sindicato. Essa praça tem acesso direto pelas duas ruas que delimitam o lote e configura um ponto de encontro para a população da região. Está confinada mediante volumes e reentrâncias que transmitem uma sensação de proteção, alem de suavizar a escala da torre através do escalonamento de seus quatro pavimentos. Nesse bloco encontramos a área de cursos, localização que permite um trânsito ordenado mantendo a privacidade das áreas da torre. Cada pavimento do volume da base possui uma geometria característica, criando coberturas ajardinadas, terraços e permitindo acesso à luz e ventilação naturais, garantindo assim um ambiente agradável aos usuários.
A partir do quinto pavimento nos encontramos com a torre propriamente dita, composta de um volume retangular implantado no eixo norte-sul, paralelo ao às duas edificações vizinhas. Para diminuir a sensação monolítica desse bloco e fazer um interessante jogo com o escalonamento da base, as plantas estão deslocadas entre si, provocando um movimento de fachada que, junto à composição da mesma, reafirma as características de um espaço interessante e criativo. Os dois primeiros pavimentos da torre albergam as salas de trabalho, e os quatro últimos estão destinados à área de co-working. Esses dois usos estão separados por um pavimento aberto e diáfano aonde foi proposta a área de convivência, um pavimento completo com uma proposta lúdico-criativa de compartilhamento de informações e aproximação das pessoas num ambiente descontraído e
propício aos acercamentos.
No edifício existente do SENGE-RS serão realizadas pequenas intervenções, a maior parte no uso interno. Provavelmente a intervenção mais marcante seja a mudança no acesso ao mesmo. Eliminamos o atual estacionamento – que perde sua razão de ser a partir da criação do novo subsolo – e essa abertura, com pé- direito duplo, receberá uma das vias de acesso à praça interior e, consequentemente, ao edifício. O espaço que antes servia como hall de entrada será destinado ao memorial SENGE, e o jardim exterior dará a volta completa ao edifício. A união entre ambos edifícios fica evidenciada através do prolongamento da marquise do pavimento térreo do edifício sede atual do SENGE-RS, abraçando o novo conjunto e fundindo os dois no novo espaço.