Um edifício inteiramente em concreto aparente. Sua estreita fachada principal é marcada por uma sequência de toldos curvos e floreiras de seção triangular ambos em concreto aparente, intercalados por superfícies transparentes de vidro e faixas opacas de concreto.
O toldo de concreto está posicionado na porção superior de cada um dos treze pavimentos-tipo. Dois terços da sua curva são externos e um terço avança ao interior apartamento. Acima dele há uma estreita esquadria de vidro. Abaixo do toldo e protegida por ele, está a esquadria principal, maior. Abaixo dela está a floreira de seção triangular, que também avança ao interior do apartamento. Seguida por mais uma faixa inferior de esquadria de vidro, cuja altura é um quarto da altura da esquadria maior.
Assim, a fachada é composta por treze conjuntos idênticos compostos por: uma faixa de concreto, que corresponde à espessura da laje, uma esquadria inferior, floreira de concreto, esquadria principal, toldo de concreto e esquadria superior. Esse conjunto ocupa quase a largura total da fachada.
O edifício está recuado quinze metros em relação ao alinhamento com a rua, criando um espaço semi-público. A entrada do edifício propriamente dita está no final deste recuo frontal três degraus acima do nível da rua. O acesso de veículos dá-se através de uma entrada discreta, situada no recuo lateral, com três metros de largura do lado oeste do terreno. Uma laje-plataforma de coberta, que ocupa toda a largura do terreno, conecta ambos os acessos de pedestres e automóveis, e cria uma fachada contínua: uma grande área sombreada em contato direto com a calçada.
Cada pavimento tipo é conformado por um apartamento com duzentos metros quadrados de área. A configuração espacial dos apartamentos é determinada por ambientes ortogonais e três recintos curvos que se destacam na planta. Intercalados com as divisórias ortogonais, esses recintos menores curvos criam passagens entre eles sem configurar corredores.
O primeiro recinto curvo está entre a cozinha e a sala de estar. Trata-se de uma parede curva determinada por um desenho simétrico formado a partir de um arco central de circunferência cujo raio mede um metro e noventa centímetros e dois segmentos concordantes de retas em cada extremidade com um metro e sessenta e cinco centímetros de comprimento. O banheiro da suíte, é determinado por uma parede reta obliqua com dois metros e oitenta centímetros de extensão que cria um ambiente triangular cujo vértice principal é substituído por uma curva de raio pequeno. O terceiro recinto curvo é o lavabo, cuja planta irregular se assemelha a uma elipse, cujo eixo maior mede três metros e oitenta centímetros e cujo eixo menor mede um metro e noventa e cinco centímetros.
As fachadas laterais possuem configurações diferentes. O lado leste é definido por bow-windows contínuos, que formam faixas verticais sobressalientes; o lado oeste é conformado por brises oblíquos de concreto.
A face leste possui um volume que sobressai um metro em relação ao alinhamento lateral. Esse volume sobressalente, um grande bow-window, é fechado por esquadrias basculantes de vidro. Nesta mesma face há outros três bow-window mais estreitos, um em cada dormitório, com dois metros de largura e sessenta centímetros de comprimento. Esses bow-windows menores conformam faixas sobressalentes contínuas na fachada. A face oposta é composta por sete brises oblíquos com um metro de largura cada um. Dois brises estão localizados na ante-sala e os outros cinco brises na sala de jantar. Uma janela diferenciada ao lado do lavabo ilumina lateralmente os ambientes e um nicho sobressalente acima dela conforma o duto de ventilação e iluminação desse lavabo.
Referência
Alberto Xavier, Carlos A. C. Lemos, e Eduardo Corona, Arquitetura Moderna Paulistana, Editora Pini, São Paulo, 1983.
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Arquitetos: Paulo Mendes da Rocha e João Eduardo de Gennaro; Paulo Mendes da Rocha e João Eduardo de Gennaro
- Ano: 1962