Publicamos recentemente os resultados do Prêmio Rogelio Salmona, que selecionou como vencedor o projeto Edifício Projeto Viver do escritório paulistano FGMF. Entre os projetos que concorriam estavam representantes de todas as regiões da América Latina e Caribe e além do escritório brasileiro ter levado o prêmio, menções honrosas foram concedidas a Mathias Klotz e Ricardo Abuauad; Ndurraga Deves Arquitectos; e Andrés Mignucci Arquitectos.
Veja a seguir o projeto de Mathias Klotz e Ricardo Abuauad.
Maneira como a obra se integra ao contexto urbano da população ou cidade onde está construída
O bairro Universitário de Santiago se encontra no quadrante sul – poente (sudoeste) do núcleo histórico da capital. O projeto é uma iniciativa de desenvolvimento integral de bairros, tendo como principal objetivo consolidar o crescimento e dar identidade a um setor determinado de Santiago através da materialização de distintas iniciativas econômicas, culturais, urbanas e sociais aplicáveis na área. É dentro deste panorama que a Universidad Diego Portales decidiu realizar um Plano de Infraestrutura completo, com a preocupação de que estas obras tenham certa atitude frente ao bairro onde se encontram, com uma forte carga patrimonial, onde não se confunda o respeito por esse legado, com a mimese que vem gerando uma arquitetura historicista. Esta atitude busca um diálogo entre o novo e o antigo onde cada parte mantenha a sua essência. Por último, intenta-se contribuir ativamente com a melhora do setor, fazer deste um bairro onde possam conviver harmonicamente estudantes, habitantes tradicionais e habitantes novos.
Articulação entre a arquitetura da obra e os espaços abertos e coletivos criados
No plano conceitual, foi pedido o respeito pela arquitetura patrimonial em lugares que tivessem edificações com tais características. Isso supunha evitar certos clichês como a manutenção de uma fachada “cáscara” (fachada de mentira, casca, fachada de cenário). Houve então um esforço por conservar ou restaurar edifícios mantendo a sua espacialidade. Quanto à inserção da obra no bairro, se privilegiou a geração de espaços que mediassem entre o interior e o exterior dos edifícios, entre a comunidade acadêmica e os habitantes tradicionais do bairro. Para isso se abriram logias (galerias/pórticos) e espaços intermediários, localizados na cota do pedestre, espaços que pudessem ser utilizados tanto por programas dos espaços interiores como exteriores (espetáculos, livrarias, etc).
Além disso, conhecendo a escassez de áreas verdes neste setor, optou-se por utilizar as coberturas dos edifícios como espaços de recreação e lazer, além dos pátios.
Por último a relação com a edificação tradicional do bairro seria feita através de uma volumetria respeitosa, da conservação da linha de edificação e de uma altura, e não por mimese.
Maneira como a obra criou, de forma evidente, espaços significativos, abertos e coletivos, contribuindo deste modo à apropriação do espaço e melhoramento da convivência na comunidade
O projeto potencializou e complementou os usos existentes através de novas atividades no setor, foram criados novos focos de atividade e lugares de intercâmbio dentro do bairro. Se consolidou o caráter do bairro com a localização de equipamentos em novas edificações ou imóveis reabilitados, e dessa forma aumentaram os espaços destinados ao uso público. Operações de menor escala procuram principalmente conectar e dar continuidade aos caminhos dos pedestres; melhorar a permeabilidade do setor; fortalecer as relações entre os espaços públicos existentes e configurar novos circuitos para o pedestre, que permitam percorrer o bairro através de seus interiores.
Um exemplo específico é a prolongação dos caminhos de pedestre das Av. República e Ejercito, a configuração dos acabamentos desses caminhos nas zonas da Praça Ercilla e a remodelação Corvi da Av. República.
E o aumento da mobilidade dos pedestres, com a reformulação das ruas Sazie e Grajales como vias de caráter semi-peatonal entre a Av. España e Manuel Rodríguez Norte.