Publicamos recentemente os resultados do Prêmio Rogelio Salmona, que selecionou como vencedor o projeto Edifício Projeto Viver do escritório paulistano FGMF. Entre os projetos que concorriam estavam representantes de todas as regiões da América Latina e Caribe e além do escritório brasileiro ter levado o prêmio, menções honrosas foram concedidas a Mathias Klotz e Ricardo Abuauad; Ndurraga Deves Arquitectos; e Andrés Mignucci Arquitectos.
Veja a seguir o projeto de Undurraga Deves Arquitectos.
Maneira como a obra se integra ao contexto urbano da população ou cidade onde está construída
O bairro cívico é, sem dúvidas, a intervenção mais radical já realizada na matriz de fundação da cidade, desde suas origens.
Os vazios urbanos previstos pelo arquiteto Karl Brunner (1931) foram definidos por um conjunto de edifícios desenhados pelo arquiteto Carlos Vera em 1937, que se caracterizam por uma radical definição formal. Não obstante o anteriormente dito é justo uma constatação do protagonismo destes edifícios, determinantes na definição simbólica e formal da cidade e de sua memória histórica. Se bem a unidade do conjunto é garantida por uma estrita ordem, esta vem se adaptando às demandas sociais que têm exigido a recuperação do espaço público para os cidadãos.
O Centro Cultural Palacio de La Moneda, construído no lado sul do Palacio de Gobierno, redefiniu o destino dessa área pública até então designada a estacionamentos de veículos oficiais. Desde suas origens, o edifício do Centro Cultural foi concebido tanto em seu interior como em seu exterior, como uma praça pública aberta ao passo das pessoas.
Articulação entre a arquitetura da obra e os espaços abertos e coletivos criados
Reafirmando o protagonismo do palácio neoclássico, este espaço cultural foi construído no subsolo da nova praça, evitando qualquer concorrência com o edifício histórico existente”. A estratégia do projeto se inspirou na lógica dos pátios que caracterizam o Palácio do século XVIII.
A cobertura do edifício é uma praça que amplia os pátios interiores do Palácio de Governo projetando-os até o espaço público, unindo-se com os caminhos, e dando origem ao principal espaço público da cidade: A Praça da Cidadania. A praça reconhece um vazio unitário que consagra os edifícios públicos que definem este magnífico espaço. Um piso contínuo torna possível a re-fundação da vida coletiva, estabelecendo um lugar de encontro como novo suporte da alma citadina. “Um cenário para a vida coletiva, festas cívicas e assembleias cidadãs.
Maneira como a obra criou, de forma evidente, espaços significativos, abertos e coletivos, contribuindo deste modo à apropriação do espaço e melhoramento da convivência na comunidade
Os pátios de acesso ao Centro, construídos em ambos os lados, se relacionam com as ruas vizinhas através de rampas e escadas que estendem a vida citadina até o interior do Centro.
A cota de acesso ao Centro se encontra a 6,5m abaixo do nível das ruas. Ali se reafirma a vocação pública deste espaço onde se desenvolvem as atividades comerciais e serviços complementários, acolhendo o livre trânsito dos visitantes. Uma rampa liga este nível com o das salas de exposição, estendendo os caminhos urbanos até o nível mais baixo do Centro. A vegetação e à luz natural que se filtra pelas placas de vidro dispostas nas vigas da coberta, conferem ao lugar uma atmosfera tal, que transforma a percepção do espaço, anulando a sensação de subterrâneo. O pátio central está formado por salas de exposição. Estas salas, atendendo ao caráter multifuncional do Centro, são considerados como espaços neutros capazes de adaptar-se a diferentes tipos de usos.