-
Arquitetos: Cláudia Melo
- Área: 538 m²
- Ano: 2011
-
Fotografias:Miguel d ́Aguiam
Descrição enviada pela equipe de projeto. Cláudia Melo (nasc. 1970, Lisboa) possui uma graduação em arquitetura pela FAUTL e um mestrado em Projeto Ambiental da Bartlett School, UCL. Estudou em Lisboa, Dublin e Londres, e colaborou com Pedro Mendes e o Atelier Central. Ela iniciou sua prática em 2005 em Lisboa, que incluía todos os tipos de edificação, desde residencial a renovação e projetos em grande escala como a Casa para Idosos e Centro Cultural. O Residencial e Ateliês Castelo Branco foi recém finalizado. Ela fez diversas apresentações públicas de seu trabalho em Portugal e no estrangeiro e publicou artigos científicos sobre projeto ambiental. Ela também é uma jornalista de arquitetura para o jornal português Diário de Notícias.
O projeto de uma residência e ateliês para artes tem a intenção de criar um complexo para trabalhar e viver, ao invés de ser somente uma casa. Foi especialmente projetada para as necessidades de seus habitantes - um casal de artistas visuais - e de acordo com o terreno - uma paisagem grosseira com um clima quente e seco entre a cidade de Castelo Branco e a Espanha. O local específico possui um pequeno rio, pedras e uma vegetação superficial com um sentido único de beleza. Não há árvores exceto ao lado do rio e um penhasco domina a o terreno e permite vistas de 360 graus. A construção situa-se aqui.
Este complexo para trabalhar e viver possui um centro, um campo aberto como um pátio que organiza todos os espaços - interior, exterior e circulações. Funcionalmente, este vazio é equivalente a um claustro medieval já que é um local entre o interior e o exterior que pode ser percorrido em toda sua extensão. Os espaços adjacentes são fragmentados em blocos de acordo com sua funcionalidade - do doméstico ao público, incluindo as circulações. Os volumes são distribuídos de norte à sul e do público ao privado e os primeiros volumes vistos da entrada são os ateliês que protegem a residência. Uma narrativa com objetivo e estética funcionais revelam um código: volumes que correspondem à locais para viver/trabalhar são cinzas e fazem apelo à estabilidade devido a seus acabamentos feitos de blocos de concreto e chapas de aço com linhas horizontais. No sentido oposto, as circulações são vibrantes e dinâmicas já que são vermelhas, feitas com chapas de aço com linhas verticais e projetadas com geometria complexa.
A conjunção complementar de materiais e cores refletem as residências tradicionais de Castelo Branco, onde as paredes são sólidas, feitas com pedra cinza, portas de madeira e janelas pintadas de vermelho. Vermelho é a melhor cor para proteger o interior tanto do calor quanto do frio extremo devido a seu espectro de cor.
Sustentabilidade é uma questão muito importante e a residência está organizada em dois pavimentos que estão integrados à paisagem natural. A maioria dos compartimentos está virado para o sul e são sombreados pela geometria de varandas e grelhas para receber a luz natural e o ganho de calor durante o inverno e os evitando no verão. A ventilação transversal natural permite um resfriamento natural da edificação especialmente nas noites de verão. A massa termal das paredes de concreto ajudam criando uma bateria de calor para prevenir a radiação solar excessiva no verão e minimizando a perda de calor do interior no inverno. Materiais e soluções construtivas de baixo custo também expressam a sustentabilidade e arquitetura sem desperdício.
No primeiro pavimento o quarto do casal possui um banheiro integrado devido à razões de estética, funcionais e sustentáveis: o banheiro está virado para o sul por uma grande janela e é separado do quarto por grandes portas-janela. No verão estas portas são abertas e a ventilação natural vem do exterior para resfriar tanto o quarto quanto o banheiro. No inverno elas fecham ambos os espaços e uma zona tampão é criada no banheiro para receber a radiação solar do exterior, introduzindo-a ao quarto através da convecção.
A paisagem rude agora absorve este novo elemento e os proprietários que ali vivem estão imprimindo seus próprios padrões de tempo e espaço. A edificação agora pertence a todos eles.