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A Prefeitura de Canelones (Uruguai), promoveu o concurso de ideias para o projeto de um Memorial em homenagem aos três desaparecidos da Ciudad de las Piedras durante a ditadura militar que dominou o Uruguai entre os anos de 1973 e 1984.
Segundo os organizadores, o concurso teve como objetivo apostar na recuperação da memória como suporte ético da sociedade, como forma de evitar o esquecimento, a repetição da violência, os abusos de poder, as discriminações, as torturas, os desaparecimentos e as injustiças.
A seguir, conheça a proposta do Estudio / LT, premiada com a primeira menção honrosa no concurso
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Dos arquitetos: o desenho do memorial em homenagem aos Desaparecidos Pedrenses implica, por um lado, em construir um marco urbano, dedicado à memória coletiva, local e nacional, e por outro, em requalificar um espaço público de singular valor dentro do tecido urbano da cidade de Las Piedras.
01 / O LOCAL
O Memorial se localiza numa praça linear paralela às vias férreas. Atualmente esta praça está desvinculada da cidade física e visualmente por uma feira ambulante, que será realocada, e se estenderá a via de semi-peatonal que contorna a praça ao sul.
02 / O PROJETO / Primeira Etapa / O MEMORIAL
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O projeto utiliza como elemento metafórico três vigas entrelaçadas, fazendo uma alusão à vida dos desaparecidas e à sua história em comum. Este conjunto de vigas se apoia sobre uma base, construindo um par dialético apoio - objeto. O vínculo entre as vigas vem do conceito de estruturas recíprocas, cuja unidade mínima se conforma a partir de três elementos. Esta disposição constrói um recinto, um espaço de 7 x 7 x 7 m, onde é possível entrar e experimentar uma atmosfera de reflexão e recolhimento.
A posição inclinada da viga define uma primeira área em contato com o solo, relacionada ao início da vida, e uma área final "elevada" vinculada à proteção infinita e atemporal de cada uma das vidas.
Os dois apoios das vigas (a aresta contra o solo e a carga sobre as outras vigas) sugerem uma espécie de jogo entre equilíbrio e instabilidade, peso e leveza, e concreto e o frágil.
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Materialidade
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As vigas são de concreto armado moldado in loco. Sua superfície registrará o passar do tempo com pequenas manchas num padrão similar àquele dos materiais pétreos, obtendo assim uma imagem dinâmica do ponto de vista perceptivo, sem alterar suas propriedades estruturais.
Terão 9 m de comprimento x 1.5 m de altura. x 0.30 m de largura. A área central será construída com placas leves de concreto, visando diminuir o peso próprio.
Na fachada externa de cada uma das vigas serão inscritos os nomes e as datas de nascimento e desaparecimento de cada um dos homenageados. As letras e números serão feitas com placas de aço corten, que estarão alguns centímetros afastadas do plano do concreto ao fundo.
O conjunto de vigas será percebido de forma dinâmica conforme muda o ponto de vista do observador e a iluminação diária e noturna.
Dada a posição das vigas no espaço, ao ingressar ao recinto é necessário se abaixar um pouco, executando uma ação corporal que coloca em sintonia o indivíduo com o caráter emotivo do espaço. No interior, sobre o solo, uma placa comemorativa triangular com os nomes e datas dos desaparecidos abriga um pequeno espaço previsto para flores e recordações.
03 / O PROJETO / Segunda Etapa / A PRAÇA
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O projeto da praça propõe, do ponto de vista paisagístico, melhorar as qualidades ambientais, realizando ações de vínculos físicos e visuais com o tecido urbano das ruas que a circundam.
No lugar onde hoje está a feira ambulante está previsto um muro de concreto armado que será iluminado linearmente, realizando a contenção do terreno da praça e gerando uma transição entre níveis. Além disso, será criado ali um plano horizontal onde será possível se sentar.
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Entre o memorial e o anfiteatro existente na praça se propõe um bosque de árvores onde é possível ingressar através de um caminho, gerando uma experiência de passeio pausado e inesperado neste tipo de espaço público.
Fica estabelecida, então, a sequência de espaços ao longo da praça linear: Anfiteatro + Bosque + Memorial.
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Concurso
Concurso de desenho de um Memorial em homenagem aos desaparecidos pedrenses: Omar Paita Cardozo, Juan Pablo Errandonea Salvia e Fernando Rafael Díaz de Cárdenas.Colocação
Menção Honrosa 1Arquitetos
Arquitetos Responsáveis
Martín López e Juan Pablo TujaColaboradores
Lucía Leal, Paula Redondo e Manuel Machado (estudantes)Estrutural
Santiago HamPaisagismo
Eduardo BiancoAnálise Histórica
Albana RomArtista plástico
Diego TraversoÁrea
2048.0 m³Ano do Projeto
2014Fotografias