Apresentamos a seguir o projeto vencedor do 7° Concurso para Estudantes de Arquitetura do Centro Brasileiro da Construção em Aço - CBCA, desenvolvido por Alexandre Kenji Okabaiasse, Rodolfo Luis Scuiciato, Franco Luiz Faust e Marcelo Miotto, estudantes da Universidade Federal do Paraná.
O concurso contou com a participação de 181 equipes inscritas, representando 20 estados brasileiros e 79 Faculdades de Arquitetura. Segundo o júri, o projeto a seguir se destacou principalmente pela adequação da estrutura ao tema – “Edifícios Destinados a Habitação Social”.
Dos autores: “Entendemos moradia como sinônimo de cidade. E entendemos que a produção de habitação em grande escala constitui a parte básica na produção da cidade.” Assim começa o memorial para o projeto Residencial Parque Novo Santo Amaro V, de Vigliecca&Associados.
Todas as decisões projetuais foram norteadas pela busca da relação direta entre a residência individual e a cidade, estabelecendo o compromisso individual de cada cidadão com as áreas públicas e a realidade urbana em que se insere.
Rompem-se as fronteiras que os separavam e cria-se a noção de que não se habita apenas a casa, e sim um conjunto de equipamentos e serviços coletivos. Os transeuntes estarão sempre sob o olhar dos próprios habitantes que exercerão um controle social sobre estas áreas.
ESCOLHA DO LUGAR
A escolha da área de implantação foi determinada a partir das seguintes diretrizes:
- inserção do conjunto em uma área de infraestrutura e de malha viária consolidadas;
- oferta de transporte público e proximidade com a região central de Curitiba, encurtando deslocamentos;
- área de assentamento irregular, trabalhando a partir de relocações dos habitantes para o mesmo lugar onde já residem, mantendo-se assim os vínculos sociais e territoriais e garantindo a proximidade com os equipamentos urbanos já utilizados pela população, tais como escola, posto de saúde e linhas de transporte público.
Sendo assim, a área escolhida encontra-se no bairro Parolin, localizado na região sul da cidade, distante aproximadamente 3,5 Km do centro de Curitiba. O bairro é caracterizado por acolher um dos mais antigos assentamentos irregulares da cidade, datado de fins da década de 1950.
O terreno possui 34.211 m² e está situado em um fundo de vale com áreas de alta declividade, suporte da maioria das construções impróprias. É limitado pelas ruas Brigadeiro Franco à leste, Professor Prothos Velozo ao sul, Padre Isaías de Andrade à oeste e Eugênio Parolin ao norte. Além disso, cortado diagonalmente pelo Rio Guaíra e longitudinalmente pela rua informal Francisco Parolin.
O crescimento irregular e desorganizado ocasionou e ocasiona grandes impactos ambientais gerando riscos à população residente.
PARTIDO ARQUITETÔNICO E ORGANIZAÇÃO GERAL
A implantação dos blocos habitacionais admite três fatores determinantes: o Rio Gauíra, a topografia e a malha viária existente como três fatores determinantes.
O Rio Guaíra, que divide a porção sul do terreno – com suas margens atualmente ocupadas por habitações irregulares – é recuperado, restabelecendo a sua condição ambiental através de um parque linear onde se distribuem equipamentos que estimulam o esporte, o lazer e o ócio. São implantados 2 blocos nesta porção do terreno, um em formato “L”, ao sul do parque, e outra barra ao norte. Dispostos a fim de potencializar as vistas do parque e priorizando a iluminação natural, totalizam juntos um total de 102 unidades habitacionais.
A topografia acentuada presente na porção norte do terreno, recebe outros 2 blocos habitacionais, implantados ortogonalmente às curvas de nível, totalizando 81 unidades. São dispostos em duas barras paralelas, divididos pela via informal Francisco Parolin, agora reestruturada como um eixo pedonal de circulação, estar e comércio.
A Rua Brigadeiro Franco, via rápida de ligação direta ao centro da cidade, caracterizada pelo comércio vicinal, é explorada a partir do estabelecimento de recuos maiores em relação aos blocos habitacionais, configurando áreas de permanência, e com a implantação de módulos comerciais no térreo dos edifícios. O caráter comercial também adentra o miolo da quadra, estimulando as pessoas a circularem e, assim, garantindo a segurança e animação do local. Através dessa via também são criados eixos transversais que ligam-se com o eixo principal demarcando pórticos de acesso.
ESTRUTURA
Na utilização do aço buscou-se explorar suas atribuições mecânicas, estéticas e sustentáveis. A unidade habitacional é tomada como módulo inserido na estrutura.
Pórticos: são definidos pórticos no sentido transversal às barras, com um vão de 9,0m e balanços de 3,0m, sendo um destes em mísula. Os pórticos descarregam os esforços verticais em um par de pilares de 3,0m de altura.
Barra: os pórticos são ligados transversalmente por vigas de 6,0m de comprimento, configurando assim a estrutura principal das barras.
Contraventamentos: a estrutura recebe travamentos nos núcleos de banheiro das habitações, nos núcleos de circulação vertical e a cada 6,0 m, nos pórticos que dividem as habitações. Assim é assegurada a resistência aos esforços horizontais, tanto transversais quanto longitudinais às barras.
Pórticos de acesso: são definidos acessos ao interior das quadras através de pórticos com 18,0m de vã,o localizados estrategicamente em algumas barras. O vão é vencido através de duas vigas invertidas de 1,20m de altura localizadas na cobertura. Os pilares das unidades habitacionais funcionam aqui como tirantes, sustentando os pavimentos inferiores e liberando as visuais nos vãos.