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Arquitetos: Guinée et Potin Architects
- Área: 60 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Martin Argyroglo
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Footcheball foi encomendado pelo Voyage à Nantes para a edição de 2014 do seu evento «Playgrounds» (ideia original, de 2012, de Patricia Buck e Rafaël Magrou). «Playgrounds» é um convite para praticar esportes de um novo jeito e se divertir, mas também uma proposta para os moradores e viajantes de olhar a cidade de uma nova maneira, como uma superposição de surpresas e espaços livres. Misturando squash, 'pebolim', e futebol de salão, o Footcheball é um esporte para ser jogado em um espaço definido, o Chaum-Room. É aberto a todos, desde que respeitado o espírito esportivo.
História
Era uma vez, uma grande batalha que estava acontecendo entre os clubes FC Urbanch e FC Naturch, a qual ninguém sabe quando ou por que começou. Mas um dia decidiu-se livrar desse ódio e conciliar-se jogando um novo jogo. No ano de 2014, decidiram por um torneio amigável, em um lugar secreto, ao longo das águas do Loire mágico e translúcido, onde ainda flutuam a brisa do mar e o opalescente nevoeiro.
Este espaço teria as características de cada equipe: a espessa camada de palha ainda sentindo a faixa de pradaria de um lado, a malha de metal frio do outro. Quente e frio, cinza e amarelo, natureza e urbano. Duas equipes seriam selecionadas, brincalhonas e combativas, capazes de jogar de forma pacífica, tentando marcar um máximo de pontos no gol do time adversário. Dessa forma, a partir do ano 2014, um estado de paz e igualdade de espírito reinará entre dois oponentes eternos, capazes de conhecer uns aos outros para uma partida alegre.
Contexto
O projeto está localizado na Ilha de Nantes, perto do Quartier de la Création, no cais François Mitterrand. Entre a cidade que emerge ao longo do cais, o Loire e o parque florestal da ilha Mabon, o terreno é o ponto de encontro entre espaço construído e natureza. No cais, a via é desenhada entre o concreto, grama e asfalto; composição horizontal que podemos encontrar novamente na vertical, já que as camadas de solo desta parte da ilha são marcados pela história, composta de entulho, coberto de areia e, em seguida, de lama. Um campo comprido, que se estende a partir do Palácio da Justiça para a Ecole Nationale Supérieure d'Architecture de Nantes, abriga duas árvores. Exatamente entre essas duas árvores que o Footcheball está definido, aproveitando o comprimento e a grama, terreno perfeito para jogar.
O Projeto Arquitetônico
Neste ambiente "bipolar", o Footcheball é chamado a tornar-se um marco no cais. O Chaum-Room, onde se joga o Footcheball, é uma espécie de fazenda francesa clássica, caracterizada por suas duas faces: uma coberta com palha, ao longo da estrada do cais François Mitterrand, em frente ao parque de Mabon Island e em contato com a arquitetura concreta do lote "Habiter Les Quais", de Nicolas Michelin. Do outro lado, uma malha de metal, ritmada pela estrutura de madeira, com vista para o Loire, ao longo do percurso de pedestres pavimentado.
Assim, o Chaum-Room sublinha as oposições do Quartier de la Création. A fachada coberta de palha revela as paisagens. Isso oferece uma continuidade vertical para o caminho gramado que enfatiza a horizontalidade do terreno, e uma textura lúdica, em oposição aos elementos de metal e concreto e as linhas verticais dos edifícios habitacionais em volta, e, na ilha, bem como a orla oposta.
Essa face vira as costas para "Habiter Les Quais", e convida o visitante a ir para o outro lado. Na outra face, a malha de metal frio é estendida na perspectiva da paisagem urbana da ilha. Perspectiva alongada pelo ritmo da estrutura de madeira. A malha de metal oferece uma transparência: você pode ver o jogo a partir da via de pedestres, parar por ali, nas margens, e desfrutar do jogo; os jogadores podem ver o Loire e observar a luz norte, que se espalha no campo e preenche as cores quentes dos painéis de madeira, que reveste a fachada norte internamente.
Método: abordagem ambiental e materialidade
O projeto é imaginado de uma forma que não danifique o terreno. Dessa forma, aproveita as características do local e os revela, apoiando-se levemente ao chão. De fato, a fundação é leve, com chapas metálicas aparafusadas no chão, e toda a construção pré-fabricados em uma oficina.
A estrutura é composta de nove pórticos de madeira, oito câmaras de madeira para a fachada e oito para o teto definido entre os dois. Essas câmaras foram pré-fabricadas em uma oficina, garantindo, dessa forma, o controle dos detalhes, da montagem, e um canteiro de obra silencioso.
A fachada Sul, coberta de 28 centímetros de espessura de palha, traz uma proteção para os jogadores contra o sol e o tempo quente. A máscara solar é reforçada pelas árvores, uma em cada extremidade do campo. A fachada Norte oferece luz e ventilação, bem como as paisagens.
O layout interno segue os elementos externos. No lado norte as estruturas de madeira foram mantidas da forma como foram construídas, coberto com painéis de madeira. As juntas entre as câmaras são preenchidas com os mesmos painéis de madeira para esconder os pórticos, e são dobradas sobre a parte inferior do telhado para salientar o ritmo determinado pela estrutura. Esses painéis de madeira, com nervuras, dão ao espaço uma luz quente, assim como a palha desempenha no outro lado. Na fachada norte uma base de madeira foi construída para facilitar o jogo (que também foi construída nas paredes laterais), e a malha metálica inicia sobre essa base, e vai até a viga mestra para fazer com que a luz penetre no espaço.
Essas duas faces também sugerem duas maneiras de jogar. Os painéis de madeira fazem a bola saltar rapidamente, o que permite que o jogador acelere o jogo. Como a malha de metal pode ser deformada, é mais suave e torna o jogo mais lento e não oferece saltos tão homogêneos. Assim, é preciso jogar com os dois aspectos para ser capaz de marcar pontos.