Descrição enviada pela equipe de projeto. Esta pequena casa situa-se à entrada da Quinta da Boavista, em Mesão Frio, no Vale do Douro, inserida numa paisagem moldada em socalcos ao longo de séculos, definidos por patamares e muros de xisto, de modo a facilitar o cultivo das vinhas e a produção de vinho do Porto. A casa alberga os caseiros e constitui a primeira fase duma intervenção de renovação e ampliação da Quinta para funções turísticas e agrícolas.
A Casa dos Caseiros substitui uma construção de apoio agrícola existente no local, reinterpretando a tipologia de dois volumes de duas águas posicionadas perpendicularmente em relação ao socalco. Entrando na propriedade, a casa recebe quem chega, ligeiramente destacada mas perfeitamente integrada num grupo de construções com um forte caráter homogéneo. Este caráter é dado pela consistência tipológica e de acabamentos: o conjunto de volumes simples e brancos cobertos com telha cerâmica, os muros dos socalcos em pedra de xisto, treliças e restantes carpintarias pintadas de azul escuro.
No entanto, e por muito que o edifício se relacione diretamente com a tradição vernacular, no seguimento dos desejos do cliente e do desejo de manter o frágil equilíbrio desta paisagem cultural, também se relaciona com a tradição moderna, propondo uma interpretação aberta, com subtis alterações dos detalhes construtivos, que tendem a dar um caráter mais abstrato e ambíguo ao conjunto.
A organização é simples e compacta. A entrada é recuada num alpendre subtraído ao volume, que abre um quadro sobre o rio Douro. No interior, procurou-se que os espaços coincidissem com a forma exterior, com a divisão o mais elementar possível, sem espaços de circulação e transição. Num dos volumes de duas águas, situa-se a zona de estar e a cozinha, e no outro volume, de escala ligeiramente menor, os dois quartos. A casa de banho ocupa o espaço sobrante definido pelo alpendre da entrada, com o seu espaço de arrumos escondido por cima.
Parte do encanto deste tipo de edifícios, como é o caso das Casas de Caseiros, está numa utilização deliberada de uma escala pequena. Foi feito o esforço de manter os beirados o mais baixo possível, o que, em contraste com a altura no centro dos volumes, acentua a espacialidade interna, apesar das reduzidas dimensões reais.