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Arquitetos: sporaarchitects
- Área: 7100 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Tamás Bujnovszky
Descrição enviada pela equipe de projeto. Essas duas estações de metrô são parte do atual projeto de infraestrutura mais importante em Budapeste, a linha de metrô M4. A ideia original da linha foi criada por engenheiros na década de 1980, há 30 anos. Era uma linha de metrô desenhada segundo o pensamento dessa década. A primeira linha do metrô de Budapeste, a "linha amarela", chamada de Kisföldalatti, foi inaugurada em 1896. Este foi o primeiro trem subterrâneo na Europa continental e o primeiro metrô a funcionar com energia elétrica do mundo. Foi construído em 21 meses, utilizando o mais alto nível de tecnologia, incluindo uma estrutura prefabricada de placas de aço. Depois de um longo período de tempo, surgiu a possibilidade de construir outra linha; a M2 ou "linha vermelha". A construção começou em 1950 durante a era socialista; depois de um intervalo de tempo, foi terminada em 1973. Esta linha leste-oeste foi construída de uma maneira similar a do plano da M4, mas as estações foram minadas, algo típico nas estações de metrô de Budapeste. A construção de uma nova linha de metrô norte-sul iniciou-se em 1970; a M3, que completou-se em 1990. A linha que faltava, a M4, foi feita, naquele tempo, para proporcionar uma rápida conexão de transporte público leste-sudoeste.
O objetivo da nova linha de metrô M4 em Budapeste é conectar o sul de Buda com o centro de Peste, que é coração de Budapeste. Dez estações vão ser construídas na primeira etapa através dos 7,34 km de extensão. Nos últimos trinta anos não apareceu um projeto tão ambicioso de desenvolvimento, no que diz respeito ao transporte, em Budapeste. Agora, com o passar do tempo, nos encontramos com uma enorme diferença de tecnologia; já que o conceito, a forma de pensar e os planos anteriores para a M4 foram feitos nos anos 80 e 90, com as estações como um reflexo da forma de pensar dos anos 70 e 80. E, entretanto, agora vamos abrir estas estações aos passageiros que vivem em pleno o século 21. Por isso, o objetivo mais difícil para nós foi racionalizar as estruturas, a arquitetura, a tecnologia e o espaço como foi previsto originalmente, enquanto que ao mesmo tempo devíamos re-pensar o projeto de acordo com o espírito do século 21. Um dos objetivos do projeto é incentivar as pessoas a utilizar o transporte público. Acreditamos que a qualidade arquitetônica das estações pode ser uma das ferramentar utilizadas para que as pessoas façam isso. O metrô deve estar na moda. Budapeste é a cidade do ecletismo, do romantismo, do racionalismo; e está vivendo no passado. A M4 será um mundo diferente, um mundo subterrâneo. É importante destacar que trata-se de um espaço público - espaço público embaixo da terra.
A estação Szent Gellért e a Fővám são estações gêmeas; ambas encontram-se a beira do Danúbio. São compostas por uma caixa cortada e coberta, e túneis. A caixa apoia-se nos níveis de vigas de concreto armado; A estrutura resultante é similar a uma rede, como ossos ou sistema esquelético. O conceito arquitetônico e estrutural baseado em uma grade e a textura, combinados com o sistema construtivo implementado organicamente, eram compatíveis com as condições frequentemente instáveis e mutáveis dos processos de planejamento e construção. A estação Fovam é mais que uma estação de metrô; é um cruzamento de tráfico complexo, um lugar de intercambio para trens, ônibus, metrô, barcos, automóveis e pedestres, que em conjunto criam um espaço público aberto por cima e por baixo da terra. A estação é um novo núcleo da cidade de vários níveis, a porta de acesso ao centro histórico de Budapeste. O corte do espaço subterrâneo é proporcional ao corte transversal das ruas em Peste construídas no século 19. Utilizar a luz natural foi um aspecto importante do nosso trabalho, na superfície de Fovam, desenhamos claraboias em forma de cristal sobre a estação; que permitem a entrada da luz no interior.
Este é um projeto de construção concebido pelos engenheiros da década de 1980, realizado na década de 2010 e utilizado no século 21. Ao estudá-lo vimos que estava obsoleto em muitos aspectos. Como arquiteto desse projeto, como procedes? O resultado do processo de desenho é um espaço "Piranesiano" em cima da plataforma (como a série "carceri" de Piranesi), que é espetacular. A estrutura representa a natureza do projeto a nível simbólico. Podemos entender isso como um horror vacui, estrutura sem conteúdo. Nós simplesmente desenhamos a estrutura de um sistema pré-determinado destinado a ampliar a linha. O grande espaço subterrâneo reflete essa etapa evolutiva. O que fizemos foi "levantar o telão" para mostrar a estrutura e o espaço da tecnologia construtiva pré-determinada. Aproveitamos o potencial subjacente; criamos um espaço público subterrâneo, que qualquer um pode continuar. A utopia estrutural e social de Yona Friedmann, também foi uma fonte de inspiração durante nosso processo. É muito importante que seja visto como um espaço público - um espaço público abaixo da terra. E as atividades públicas são bem-vindas nas estações, inclusive durante a época da construção. É a oportunidade de criar um terreno comum no qual as pessoas possam partilhar, viver e viajar.