- Área: 30000 m²
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Fabricantes: Effisus, Serge Ferrari
Descrição enviada pela equipe de projeto. Angola tem vindo a viver um período de desenvolvimento notável há mais de uma década, evidenciando um extraordinário crescimento econômico e uma progressiva melhoria nas condições de vida da sua população, e afirmando-se como um país-chave no continente africano, ao ser uma potência de grande importância na promoção da paz e da prosperidade na região.
A sua capital, Luanda, é cada vez mais uma metrópole cosmopolita e vibrante, espelhando esta nova realidade que progressivamente vai mudando a face do país.
É neste contexto que Angola é selecionada para ser o primeiro país africano a receber o Mundial de Hóquei em Patins em 2013, tendo o Pavilhão Multiusos de Luanda sido projetado para ser o palco principal do evento.
Além da capacidade para cerca de 12000 espectadores e do carácter icônico que o edifício deveria ter, enquanto símbolo do evento, vários outros factores foram determinantes para o desenvolvimento do projeto:
- O curto prazo disponível para projeto e execução da obra e os limites de orçamento, que levaram a um esforço de optimização, recorrendo-se ao uso de elementos modulares de baixo custo, passíveis de serem pré-fabricados e rapidamente montados em obra;
- A necessidade de dotar o recinto da versatilidade necessária para receber diferentes desportos e múltiplos campos de treino, bem como outros eventos para além dos desportivos, que levaram à utilização de bancadas retrácteis no nível inferior, permitindo variar a dimensão da arena e, consequentemente, implementar diferentes “layouts”;
-Os parâmetros de conforto e segurança exigíveis a um edifício com capacidade para acolher eventos de classe mundial, assegurando-se as melhores condições de visionamento as espectadores, todos os necessários serviços de apoio e percursos fáceis e intuitivas, tanto em condições de utilização normal como em situações de emergência;
- A eficiência energética, favorecendo-se, sempre que possível, o uso de soluções passivas para ventilação e arrefecimento dos espaços.
O principal objectivo do projeto foi, assim, a procura da resposta mas eficaz e econômica a estas preocupações, tomando as opções estéticas como consequência lógica dos aspectos técnicos e funcionais.
O edifício está organizado em 4 níveis, sendo o mais baixo semi-enterrado e localizando-se neste a arena, rodeada de todos os espaços de apoio à prática desportiva, bem como das principais áreas técnicas, de armazenagem e parqueamento. Pelo exterior, o volume deste piso é tratado como um pódio, com degraus ou rampas de acesso em todo o seu redor, possibilitando o fácil acesso do público a todo o perímetro do piso térreo.
O piso térreo é completamente envidraçado no seu perímetro e concentra todas as entradas de público, com uma galeria perimetral de circulação disposta em redor da arena, dando acesso às bancadas. Aproximadamente dois terços dos lugares de público geral são acessíveis a partir deste nível, sem necessidade de recurso a escadas ou elevadores, sendo os restantes lugares localizados no piso 2, igualmente acessíveis por uma galeria perimetral no respectivo nível, ligada directamente ao piso 0 por colunas de escadas. Sob as bancadas, e em comunicação com as galerias de circulação de ambos estes níveis, estão posicionados os bares e instalações sanitárias de apoio ao público.
O piso 1 alberga as áreas VIP e de imprensa, tendo cada uma destas um acesso dedicado desde o exterior, por entradas localizadas em cada um dos topos do edifício, com a entrada VIP a assumir um maior destaque, marcada por um volume saliente na fachada principal do pavilhão.
As circulações perimetrais dos pisos superiores são organizadas como galerias exteriores. As condições climáticas de Luanda tornam esta solução viável, reduzindo-se assim os consumos energéticos face a uma solução encerrada, e usando-se as galerias como elementos com um papel ativo na ventilação natural dos espaços interiores e como primeira linha de proteção contra os elementos.
De modo a assegurar e eficácia desta solução, foi necessário garantir o sombreamento das galerias e reduzir a sua exposição ao vento e à chuva. Para tal foram desenvolvidos elementos modulares, compostos por uma estrutura metálica que suporta uma tela perfurada tensada.
A repetição destes elementos é o aspecto mais marcante da imagem do edifício, conseguindo-se, com a colocação dos mesmos numa posição oblíqua ao alinhamento das galerias, um efeito visual variável consoante o ângulo de que são observados, parecendo constituir um revestimento contínuo quando vistos numa direção, ou peças individuais quando vistos na direção oposta. Este efeito é complementado pela criação de um vértice saliente no bordo exterior de cada módulo e pela variação da altura do mesmo, que resulta num efeito ondulante na textura do revestimento que envolve o pavilhão.
Estes elementos receberam uma iluminação LED com variação de cor e de intensidade, que reforça o efeito formal dos mesmos e enfatiza o carácter icônico do pavilhão.