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Arquitetos: Sarquella + Torres Arquitectes
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Fotografias:Joan Guillamat

Descrição enviada pela equipe de projeto. Há 58 primaveras, no mês de maio, o bairro judeu de Girona se colore. As flores inundam as pedras e proporcionam uma situação propícia para revisar o olhar sobre a cidade.

Nossa proposta situa-se no pátio da Casa Sambola. Um pátio de dimensões delimitadas onde as paredes esbanjam a história gravada nas pedras.

A intervenção é uma transposição de elementos tradicionais que formam parte do imaginário coletivo.

As moscas, narcisistas e salvadoras de Girona do assédio francês. As cortinas, que acompanham tantas portas, fronteiras impecáveis para as drosófilas e filtros musicais de boas-vindas para nós. A lavanda, cuja fragrância inunda as terras mediterrâneas.

No número 13 da Rua da Força, as moscas pairam de forma ousada, mas as cortinas douradas não permitem a entrada delas. Filtram as visões do interior, variando sua transparência segundo seu grau de frontalidade respeito ao espectador. O tinir das cortinas com o passar das pessoas se funde com o murmúrio sobre o qual creem entrever e suspeitam cheirar. Ao entrar, os olhares curiosos descobrem como os campos de lavanda florescem e afugentam os insetos.

As cortinas estão situadas para orientar o olhar aos elementos arquitetônicos do pátio. Converte-se assim num espaço de valorização, um telão vibrante de fundo, um photocall improvisado, um espaço lúdico e bucólico.

Finalmente, ao sair, vemos sobre a porta uma lição de história, uma frase do Poeta Ovidio (43 aC - 17 dC) desde seu exílio em Constantia: "omne solum forti patria est" (toda terra é pátria para o homem forte).