- Área: 399 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Paulo Heise
Terra, concreto e vidro.
O programa da residência é constituído por um abrigo, um depósito e um escritório ligados diretos a via pública, um salão com planta livre para jantar e estar, cozinha, lavabo, área de serviço e área íntima com sala de TV e três suítes. Os espaços amplos dos ambientes permitem uma gama diversificada de usos e layouts.
O desenho da edificação é composto por três blocos assentados sobre a declividade natural do terreno. O acesso principal é feito a partir do abrigo por uma rampa de concreto, que vence o desnível entre o piso do abrigo e o piso da piscina. Depois da piscina, grandes vãos desenhados por portas de vidro levam ao salão social.
Os blocos são abertos para a paisagem, com integração e transparência máximas entre os ambientes internos e externos. Para maior comodidade os espaços sociais de maior permanência - onde estão as salas e a cozinha foram orientados para o nascente. Com isso, as portas balcão das suítes, que dão para a área externa, ficaram voltadas para o poente. Amplos beirais e as paredes de taipa garantem conforto térmico a todos os ambientes. O projeto permite o contato visual entre todos que estão na área social.
Internamente a Casa Colinas é dotada de todas as facilidades inerentes ao atual “modus vivendi” com toda sorte de coisas para a comodidade e praticidade de tarefas cotidianas. A textura bruta e a coloração natural das estruturas em taipa mantêm o vínculo simbólico com a paisagem natural e dão a sensação de proteção – pela espessura das paredes - e aconchego aos moradores.
Foram definidores dos sistemas construtivos e, consequentemente, do desenho adotado, o uso da terra como matéria-prima e a praticidade da construção. Toda a residência foi feita com materiais aparentes, que exigem pouco, ou nenhum retrabalho para o acabamento e têm, portanto, menor impacto sobre o ambiente natural. As estruturas de taipa são amarradas por uma cinta de concreto que serve como apoio para a estrutura metálica da cobertura. Os painéis justapostos são suficientes para sustentar toda a carga da viga e da cobertura.
A taipa, no Brasil também chamada de taipa de pilão, é uma tecnologia ancestral, largamente utilizada em tempos passados no Estado de São Paulo. Esta foi aos poucos sendo substituída pelas alvenarias de tijolos no século XIX. Culturalmente, a arquitetura construída com terra crua foi cedendo espaço no imaginário da população e, por razões simbólicas e econômicas, hoje as estruturas de concreto armado e de blocos de concreto representam a grande maioria de ocorrências em obras por todo o Brasil. Com o advento e confirmação da busca pela sustentabilidade na indústria da construção, a taipa – pensada e construída de maneira contemporânea - volta a ser uma excelente alternativa para paredes estruturais.
As estruturas em taipa, desde a fase de anteprojeto, foram assessoradas pela TAIPAL – construções em terra, empresa brasileira especializada em projetos e obras em taipa. Ao longo dos anos de trabalho a TAIPAL desenvolveu um sistema próprio na produção de estruturas em taipa com o uso de formas metálicas e a mecanização de todo o processo de produção. Os solos usados na construção dos painéis foram retirados de uma jazida próxima à obra e o preparo e o controle de qualidade foram feitos pela mesma empresa.